Com reinauguração prevista para 20 de maio, o Palácio Gustavo Capanema, no Rio, guarda uma polêmica. Seu processo de tombamento não inclui as obras de arte e outros elementos importantes para a história e a riqueza cultural do palácio. O edifício é um ícone do modernismo dos anos 30, tendo sido projetado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

A arquiteta restauradora Sandra Branco Soares, que foi servidora do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e é uma especialista na história e arquitetura do Capanema, ingressou com um pedido ao presidente do instituto, Leandro Grass, para que todos os bens artísticos móveis e integrados ao Palácio Capanema sejam reconhecidos oficialmente como parte do tombamento feito em 1948.

São mais de 40 peças, entre esculturas, tapetes e murais como os de Cândido Portinari. As obras são assinadas por nomes como Bruno Giorgi, Jacques Lipchitz, Oscar Niemeyer, Leão Veloso e Lucio Costa.

A escultura Maternidade instalada na Palácio, nos anos 60

Mas o foco de preocupação maior da arquiteta é a escultura Maternidade, de Celso Antônio. Feita especialmente para o Salão de Exposições do Palácio Gustavo Capanema, e escultura foi removida do Palácio em 1968. Está instalada nos jardins da Praia de Botafogo, exposta ao vandalismo e à ação do tempo.

Sandra fotografou a escultura Maternidade em 2021, com marcas visíveis de vandalismo e deterioração. A escultura foi danificada, tendo o nariz quebrado e perdendo os dedos dos pés. Houve outros danos à criança que está no colo da mãe. Sandra defende que a peça seja restaurada e reintegrada ao Palácio Capanema, como forma de restituir sua integridade física e simbólica. Ela aponta que a estátua de mármore não deveria ser exposta a intempéries.

A restauração do Palácio Gustavo Capanema levou quatro anos e recebeu investimento de R$ 84,3 milhões do governo federal por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Reaberto, o local será um centro cultural e sediará o Ministério da Cultura.