PODER E POLÍTICA. SUA PLATAFORMA. DIRETO DO PLANALTO

2025 vem aí com o índice que reajusta preços importantes na vida real turbinado

IGP-M, referência para reajuste de aluguéis, energia, telefonia, educação e planos de saúde, sobe 6,54% esse ano, maior alta acumulada em 12 meses desde outubro de 2022

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No fim, a culpa é do cafezinho, mas, dessa vez, terá impacto, também, no aluguel, nas tarifas de energia e de telefonia, nas mensalidades escolares e planos de saúde. Todos esses são serviços que usam o IGP-M como referência de inflação para calcular seus reajustes. Por ser um índice que reflete o movimento dos preços em diferentes atividades e ao longo de toda cadeia produtiva (do produtor, passando pelo consumidor e pela indústria da construção civil), ele capta a inflação em várias etapas do processo produtivo. Em 2024, o IGP-M fechou com alta de 6,54%, maior valor acumulado em 12 meses registrado desde outubro de 2022 e essa inflação, agora, será carregada para 2025, por meio da correção das tarifas e contratos dos serviços citados acima.

Parte dessa alta em 2024 veio do IPA, um dos três índices que compõem o IGP-M, registra os preços no atacado e responde por 60% dele. Outra veio do IPC, que mede as variações para os consumidores e tem peso de 30% do índice. E a terceira, do INCC, que calcula variações no custo na construção civil, responsável por 10% do índice. No mês de dezembro especificamente, um dos vilões no IPA foi o café em grão, que subiu 28,82%, refletindo parte da alta do dólar, já que o produto segue preços internacionais. Combustíveis e lubrificantes também estão no mesmo grupo.

No IPC seria mais fácil falar do que não subiu em dezembro (habitação e vestuário), já que dos oito grupos pesquisados, seis tiveram alta, com destaque para os itens: i) transporte (+ 0,30%), ii) educação, leitura e recreação (+0,02%), iii) alimentação (+1,09%), iv) despesas diversas (+0,85%), v) saúde e cuidados pessoais (+0,20%) e v) comunicação (+0,06%). No INCC, houve alta, em dezembro, no grupo materiais e equipamentos (+0,57%).

Essa inércia inflacionária, que vai alimentar a inflação de 2025, preocupa o Banco Central, que quer manter a inflação nos trilhos. A meta que guia a atuação do é o outro índice, o IPCA, mas há respingo de um índice no outro. Com a economia crescendo acima do previsto para o ano e o nível de emprego recorde, o ambiente é propício para ratificar reajustes elevados, fazendo com que a inflação no ano que vem, também fique alta.

Ao promover um choque de juros, o BC tenta desacelerar a economia e ataca diretamente o primeiro canal de transmissão da política monetária para vida real: o mercado de crédito. Empréstimos e financiamentos ajudam a turbinar o consumo e a produção. Se for bem-sucedido, o BC ajudará a evitar alguns reajustes pelo índice cheio.

Importante lembrar que, em 2023, IGP-M registrou deflação (-3,18%). No entanto, os preços de aluguéis, telefonia, energia, planos de saúde ou educação não foram reduzidos. Além disso, depois do número negativo de 2023, a alta de 2024 tem uma força ainda maior do que os 6,54% , se aproximando dos 10%.

search-icon-modal