O andamento da reforma administrativa, relatada pelo deputado Pedro Paulo, do PSD do Rio de Janeiro, tem gerado críticas entre delegados da Polícia Federal e temores de ameaça à independência da corporação.
Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, o texto conhecido até agora ignora pautas históricas da categoria. A classe defende, por exemplo, que a PF tenha mandato fixo para o diretor-geral, o que garantiria estabilidade e reduziria pressões políticas sobre o cargo.
Os delegados também reivindicam autonomia para nomear chefias internas, sem necessidade de aval do Ministério da Justiça, e o fim do contingenciamento orçamentário, já que parte dos recursos da corporação depende hoje de liberações do Executivo. Segundo os delegados, a proposta limita a capacidade de planejamento e execução de operações.
Essas demandas da ADPF, no entanto, não foram incluídas na atual versão da reforma administrativa, o que gerou frustração dentro da categoria.
“A aprovação dessa reforma representaria um grave risco à segurança do país”, disse Leiro à coluna.
Entre os delegados, há receio de que o texto, ao permitir ampliação de vínculos temporários e terceirizados em áreas de apoio, possa fragilizar o corpo técnico permanente da PF e abrir espaço para interferências externas.
O mal-estar cresceu após declarações de técnicos do Ministério da Justiça, que defenderam que as mudanças priorizem a “integração das forças” de segurança pública. O discurso, entre delegados, soou como um eufemismo para maior centralização de poder por parte do atual governo.