A artista plástica Ana Lúcia Canetti teve uma obra sua roubada ao final da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que se encerrou em 19 de outubro. Nessa terça-feira, 2, Canetti enviou uma notificação extrajudicial aos organizadores do evento cobrando explicações e o ressarcimento da obra “Semear cinzas”, produzida no ano passado a partir de cinzas do Cerrado.

A composição consiste em três urnas cerâmicas feitas em diferentes técnicas com as próprias cinzas vegetais, que a artista colheu ao longo de quatro anos de pesquisa na região de Brasília. Além de compor as peças, as cinzas também eram guardadas dentro delas, que funcionavam como urnas funerárias e denunciavam a queimada em um dos mais importantes biomas do Brasil.

As três peças fazem parte de um conjunto de 20 urnas, que compõem a tese de doutorado de Ana Lúcia Canetti. A apresentação da tese será feita na segunda-feira, 8, nas Artes Visuais da UnB. “Essas peças eram o trabalho final da minha tese ‘Poéticas em terras queimadas'”, lamentou.

A curadoria da 14ª Bienal de Arquitetura informou à artista que o seguro não cobrirá o prejuízo e que não havia câmeras filmando o local onde ocorreu o furto. Sem contar o dano artístico e acadêmico, as peças foram avaliadas em R$ 6 mil, valor que a artista espera ser ressarcido pela Bienal, cujo tema deste ano foi “Extremos: arquiteturas para um mundo quente”.