Parlamentares do PT garantem que o candidato à presidência da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) se comprometeu com o partido a não dar andamento à anistia para os envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro – o que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível.
O compromisso, dizem integrantes da bancada petista, foi firmado nas conversas que resultaram na declaração de apoio do partido à candidatura de Motta, que é também o candidato do atual presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL).
Confiança em Lira
Embora tenham feito questão de garantir a promessa de Hugo Motta sobre a proposta de anistia, os parlamentares petistas acreditam que a questão vai resolvida ainda no mandato de Lira.
Eles creem que o atual presidente da Câmara deve controlar a comissão criada para analisar o caso e, em seguida, propor um projeto não exatamente de anistia, mas de redução ou revisão de penas – e que permita algum tipo de recurso.
Meio-termo
Deputados petistas lembram que há outras soluções intermediárias em curso, como os termos de ajustamento de conduta (TACs) que o Supremo Tribunal Federal (STF) está fazendo com alguns condenados, nos quais eles se comprometem a usar tornozeleira eletrônica e a evitar as redes sociais.
Até o União Brasil retirar o apoio à candidatura do deputado baiano Elmar Nascimento, do próprio partido, 60% da bancada petista (68 deputados) estava com a candidatura de Motta e outros 40%, com Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD), que tinham entre si um compromisso de um apoiar um ao outro, a depender de quem estivesse melhor na disputa. Na semana passada, Motta praticamente encaminhou sua vitória ao fechar apoios que vão do PT ao PL, passando pelo União Brasil.
Lula esperançoso
De acordo com deputados do PT, o presidente Lula aposta que o governo terá mais facilidade para conversar com Hugo Motta do que tem atualmente com Arthur Lira. Ele acredita que Motta deve facilitar a relação do Planalto com o Centrão e conduzir a maioria dos partidos para a base de apoio ao governo.
Vaga no TCU
A anistia aos envolvidos no 8 de janeiro não foi o único ponto das conversas. Ainda na semana passada, o próprio Lira revelou ter havido um outro item importante na negociação do apoio do PT a Motta: segundo ele, partidos do Centrão se comprometeram a apoiar um nome petista para uma das próximas vagas de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).