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Briga entre Lula e Zema antecipa disputa polarizada em Minas nas eleições de 2026

Estratégia de governador é manter fidelidade do eleitor de direita, enquanto o presidente aposta na divisão do campo conservador

Romeu Zema, governador de Minas Gerais
Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), ainda parecia surpreso quando retornou no voo de Minas Gerais para Brasília, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não havia digerido a atitude do governador Romeu Zema (Novo), que fez questão de ir aos eventos organizados pelo governo federal no estado para confrontar o presidente em cima do palanque.

Era noite de quarta-feira, 12. Assim que desembarcou na base aérea da capital, Silveira foi a um jantar com empresários e políticos. Chegou comentando a atitude de Zema. "Como ele pode ser tão deselegante?", disse. "Isso faz parte da estratégia eleitoral dele de apostar no confronto. Aí eu tive que responder", emendou o ministro.

Durante a tarde, Silveira tinha saído em defesa de Lula, chamando Zema de “pessimista de plantão” no palanque assim que percebeu a estratégia do governador de estabelecer o embate no evento na unidade de Ouro Branco da Gerdau. “Em 2024 tivemos o menor índice de desemprego da nossa história. Fico só de butuca (atento) vendo o pessimista de plantão, governador Zema, errando mais uma vez”, declarou Silveira.

A briga em público é, na verdade, uma prévia do clima e das alianças que devem se formar em Minas Gerais em 2026. Zema quer fazer o seu sucessor. Logo que foi reeleito para cargo, em 2022, anunciou o nome de seu vice, Mateus Simões (Novo), como candidato. O problema de Zema é também que ele não conseguiu reunir em torno de seu plano as demais forças de direita no estado. O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), por exemplo, já se anunciou como candidato e, apesar de ser do mesmo campo, tem investido em críticas contra o atual governador.

A aposta no estado é na polarização. Políticos mineiros já identificaram que não haverá espaço para posições de centro no eleitorado e farão de tudo para esquentar o embate, nos palanques e nas redes sociais, nas quais a pauta eleitoral se dará muito em função da desqualificação do adversário.

Lula aposta na divisão da direita. A intenção do petista é ter um palanque forte em Minas e já anunciou que seu sonho é ver Rodrigo Pacheco (PSD), ex-presidente do Senado, na cabeça da chapa. Pacheco, por sua vez, ainda não deu resposta ao presidente sobre esse plano. O presidente voltou a falar sobre o assunto em entrevista ao jornal Estado de Minas, parceiro do PlatôBR, na terça-feira, 14. “Eu já disse publicamente que, se for sua vontade, Rodrigo Pacheco tem tudo para ser o futuro governador do estado, possui todas as qualidades necessárias para o cargo e contará com o meu apoio na disputa”, afirmou.

Com a direita dividida, a ideia é que Pacheco consiga herdar o eleitorado do petista no estado nas últimas eleições. Em 2022, Lula teve em Minas uma vitória apertada sobre Jair Bolsonaro. Foram apenas 40.650 votos de diferença. O petista obteve 50,20% dos votos válidos, contra 49,80% obtidos pelo ex-presidente, reflexo da polarização política. O grupo de Pacheco faz cálculos para sua possível candidatura considerando que, com a ajuda do presidente, poderia abarcar a maior parte desse eleitorado.

O presidente aguarda uma reunião com Pacheco nos próximos dias, tanto para definir os planos para 2026 quanto para fazer deslanchar a segunda parte da reforma ministerial. O senador voltou de viagem de férias há poucos dias e deve ser chamado pelo presidente para essa conversa. Aliados de Lula dizem que Pacheco é cotado para o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), pasta hoje comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

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