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Uma contradição entre duas queixas de denunciados pela tentativa de golpe

Advogados apontam excesso de documentos pela PGR, enquanto se dizem prejudicados por não terem tido acesso a ainda mais dados

Foto: Gustavo Moreno/STF
Foto: Gustavo Moreno/STF

Advogados de denunciados pela tentativa de golpe acusaram a PGR de empilhar milhares de documentos de forma desordenada para dificultar a análise da denúncia delas pelas defesas — o chamado “document dumping”. Entre os que apresentaram esse argumento estão os defensores de Jair Bolsonaro e de Walter Braga Netto.

“É um quebra-cabeça que foi exposto à defesa”, disse o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi.

Uma outra alegação dos mesmos advogados, no entanto, embute uma contradição a essa reclamação. É que os defensores também se disseram prejudicados por não terem tido acesso à íntegra dos conteúdos apreendidos pela Polícia Federal, a exemplo do espelhamento de celulares de investigados.

Ou seja: enquanto se dizem assoberbados pelo “document dumping” e uma montanha de documentos, os mesmos advogados alegam cerceamento de defesa e reclamam acesso a um volume ainda maior de dados.

Os cinco ministros da Primeira Turma do STF rejeitaram as duas alegações nessa terça-feira, 25. Seguindo o voto de Alexandre de Moraes, o colegiado considerou que os réus devem se defender do conteúdo estritamente apresentado na acusação. Moraes chegou a citar o chavão jurídico de que “se não está nos autos, não está no mundo”. Os ministros entenderam que eventuais novos conteúdos poderão ser analisados durante a tramitação da ação penal.

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