Responsável pelo voto que formou maioria para aceitar a denúncia da PGR pela trama golpista e colocar Jair Bolsonaro no banco dos réus na Primeira Turma do STF, Luiz Fux deve a Bolsonaro e a suas investidas contra o Supremo um dos momentos mais tensos de sua passagem pela presidência da Corte, entre 2020 e 2022: o Sete de Setembro de 2021.
Naquele ano, com manifestações convocadas pelo bolsonarismo contra o STF em Brasília, Fux temia que caminhoneiros insuflados por Jair Bolsonaro pudessem investir com os caminhões contra o prédio da Corte.
Para proteger o STF, o ministro fez apelos diretos ao então presidente, enquanto acionou um grupo de operações especiais da Polícia Federal, um general do Exército e o comandante da PM do Distrito Federal.
Em outro lance do passado entre Fux e Bolsonaro, o ministro já se posicionou a favor do ex-presidente para que ele não se tornasse réu por racismo.
Isso aconteceu em setembro de 2018, quando a Primeira Turma julgou uma denúncia da PGR contra o então deputado e candidato à Presidência Bolsonaro por declarações contra quilombolas. Ele foi denunciado por ter dito, sobre uma visita a um quilombo no interior paulista, que o “afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. “Eu acho que nem para procriador eles servem mais”.
Além de Fux, votaram contra a denúncia da PGR Alexandre de Moraes, hoje o maior algoz de Jair Bolsonaro no Supremo, e o ex-ministro Marco Aurélio Mello. O julgamento foi concluído poucos dias após Bolsonaro ter sido esfaqueado em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial. Luís Roberto Barroso e Rosa Weber se posicionaram pela abertura de uma ação penal, mas ficaram em minoria.