Os médicos que operaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) disseram, nesta segunda-feira, 14, que ele terá que passar por um longo período pós operatório, com visitas restritas, e terá restrições alimentares por cerca de 3 meses. Após sentir fortes dores na última sexta-feira, 11, quando visitava municípios do Rio Grande do Norte, Bolsonaro foi internado, e depois transferido em uma UTI aérea para Brasília, onde foi submetido a uma cirurgia de 12 horas, neste domingo, na qual a equipe corrigiu obstruções nas paredes intestinais.
De acordo com os médicos, essas obstruções ocorrem em pacientes que já passaram por cirurgias no intestino. No caso de Bolsonaro, sucessivas intervenções foram realizadas desde a facada que levou, em plena campanha de 2019, quando participava de um ato político em Juiz de Fora (MG).
"Já antecipo que não tenham grandes expectativas de uma evolução rápida. A gente precisa deixar o intestino dele descansar, desinflamar, retomar sua atividade para só depois pensar em realimentação por via oral, e daí para frente retomada de outras atividades", disse o chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini.
O médico não descartou a necessidade de cirurgias futuras. "Nós fizemos com a ideia de que fosse uma cirurgia definitiva, digamos assim. Naturalmente, novas aderências vão se formar. Isso é inevitável, um paciente que tem um 'abdome hostil', por mais que você solte tudo, essas aderências voltam a se formar", disse.
Birolini explicou que Bolsonaro já havia apresentado uma elevação dos marcadores de inflamação (PCR) nos dias anteriores e um quadro de distensão abdominal. Seu quadro clínico apontava uma extensa lise de aderências. "Era um abdome hostil, múltiplas cirurgias prévias. Aderências causando um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada, das cirurgias prévias. Isso já antecipava que seria um procedimento bastante complexo e trabalhoso", disse o médico que apontou que a parede abdominal "bastante prejudicada".
"A liberação dessas aderências é feita de forma milimétrica, praticamente. Você liberar um intestino que tem três metros e meio, vai centímetro por centímetro. O intestino dele estava bastante, vamos dizer assim, sofrido. O que nos leva a crer que já vinha com esse quadro de uma suboclusão subclínica há alguns meses", detalhou.