Antes de ser condenado na Justiça peruana por lavagem de dinheiro de propina da Odebrecht, o ex-presidente do Peru Ollanta Humala tentou uma cartada no STF para enfraquecer o processo. Dias Toffoli, no entanto, frustrou o pedido de Humala, que pretendia anular todas as provas que o Brasil havia compartilhado com o país vizinho sobre a empreiteira.

Em agosto de 2023, Toffoli havia atendido Humala e declarado a nulidade das provas contra ele extraídas dos sistemas usados pela empreiteira para gerir pagamentos de propina, o Drousys e o MyWebDay.

Informada às autoridades peruanas pelo Ministério da Justiça, a decisão do ministro do STF foi dada conforme a lei brasileira. Isso significa que o entendimento de Toffoli não obrigaria a Justiça do Peru a excluir essas provas da ação.

Em outubro de 2024, os advogados brasileiros de Humala voltaram a Toffoli com um novo pedido — que pretendia atingir com mais força o processo peruano, que corre no Tercer Juzgado Penal Colegiado Nacional da Corte Superior de Justiça do Peru.

Dessa vez, a defesa disse ao ministro que a Justiça peruana seguia utilizando depoimentos de delatores da Odebrecht na ação penal contra o ex-presidente. Assim, pediam que fossem invalidadas todas as provas obtidas por meio da cooperação internacional entre Brasil e Peru, incluindo relatos de delatores como Marcelo Odebrecht, Jorge Barata, Luiz Mameri, Fernando Migliaccio e Hilberto Mascarenhas.

Dessa vez, no entanto, Dias Toffoli rejeitou o pedido. Ele considerou que essa solicitação foi uma “mera reiteração” da anterior. Os defensores de Ollanta Humala não contestaram a decisão de Toffoli.

Humala, de 62 anos, foi considerado culpado por lavagem de US$ 3 milhões da Odebrecht, que teriam irrigado as campanhas presidenciais dele em 2006 e 2011. A pena imposta a ele foi de 15 anos de prisão.

Após a condenação do ex-presidente peruano, a mulher dele, Nadine Heredia, também sentenciada a 15 anos, apelou ao governo Lula. O petista concedeu asilo diplomático a Nadine e ela chegou a Brasília na manhã dessa quarta-feira, 16, a bordo de um voo da Força Aérea Brasileira.