A notícia da morte do papa Francisco impactou os brasileiros na madrugada desta segunda-feira, 21 de abril. Com Brasília esvaziada pelo feriado nacional, Dia de Tiradentes, políticos e governantes se manifestam nas redes sociais, em notas e postagens de condolências pela partida do líder católico. Como gesto formal, o presidente Lula decretou luto oficial de sete dias.
Nos próximos dias, com o Congresso de volta aos trabalhos, o legado do primeiro latino-americano alçado à chefia do Estado do Vaticano será um dos assuntos mais abordados nas tribunas e nas entrevistas dos parlamentares. Pelo lado do governo, a exaltação do pontificado de Francisco será uma oportunidade para reafirmar o discurso de inclusão social e de defesa dos direitos humanos.
Com forte base evangélica, a oposição também reage com respeito em relação à morte do comandante da Igreja Católica. Hospitalizado, o ex-presidente Jair Bolsonaro destacou os esforços do papa pela “unidade, esperança e orientação moral”.
Apesar do luto e do tom pacífico das manifestações, a morte de Francisco em nada deve mudar o ambiente de confronto político no Brasil. A tendência, ao contrário, é que os debates esquentem à medida que se aproximam as eleições de 2026.
Desdobramentos do asilo diplomático concedido a ex-primeira-dama do Peru
A oposição vai reforçar nos próximos dias as pressões sobre o governo por causa da concessão de asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia Alarcón, condenada à prisão sob acusação de lavagem de dinheiro da empreiteira brasileira Odebrecht. Esse assunto tende a desgastar o governo, principalmente, por reativar a pauta da corrupção das administrações petistas.
Em reação à decisão do governo brasileiro, parlamentares oposicionistas preparam ações no Congresso, como a convocação do chanceler Mauro Vieira para prestar esclarecimentos sobre o fato, e junto ao TCU (Tribunal Regional Eleitoral), pelos gastos com o avião da FAB usado para transportar Alarcón até o Brasil.
Com forte apelo eleitoral, o tema corrupção certamente vai ganhar força nos próximos meses e, com esse gesto em favor da ex-primeira-dama, o governo forneceu munição para os adversários nas eleições do ano que vem.
Expectativa para o futuro do projeto de anistia
Com o retorno do Congresso depois dos feriados, aumentam as expectativas sobre o futuro do projeto que anistia os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado na última transição de governo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), precisa decidir o destino da proposta apresentada pela oposição, rejeitada pelo governo e pelo STF.
Como primeiro passo, Motta terá de definir se encaminha para o plenário o pedido de urgência protocolado pelo PL, com 262 assinaturas, para tentar votar o projeto. O presidente da Câmara pretende ouvir os líderes antes de bater o martelo. Até agora, ele não apresentou os resultados da tentativa de encontrar uma solução negociada entre os Três Poderes para amenizar as penas dos condenados que participaram dos atos do 8 de Janeiro, mas não tiveram papel de comando nos ataques aos resultados das urnas de 2022.
Pela delicadeza do tema, não há perspectiva de Motta encontrar uma saída que agrade a todo o espectro político do país.
Julgamento do “Núcleo 2” da denúncia da PGR começa, e pode acabar, nesta terça-feira
Começa na manhã desta terça-feira, 22, o julgamento do “Núcleo 2” dos denunciados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por envolvimento na tentativa de golpe contra os resultados da eleição presidencial de 2022. Na previsão da colunista do PlatôBR Carolina Brígido, a Primeira Turma deve concluir os votos no mesmo dia.
Entre os integrantes do grupo que será julgado nesta etapa está o general da reserva do Exército Mário Fernandes, preso desde o ano passado, acusado de ter participado do plano de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Neste núcleo, também estão o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques; os delegados da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira e Marília Ferreira de Alencar; o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República Filipe Martins e o coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência da República Marcelo Costa Câmara.
A expectativa é que todos sejam condenados, a exemplo do que aconteceu com o “Núcleo 1”