O PT está rachado no Rio de Janeiro e a disputa pelo comando partidário no estado promete ser acirrada. Aliados do vice-presidente nacional do PT Washington Quaquá dizem ter estranhado anúncios de integrantes do partido de que um dos principais objetivos da legenda em 2026 será eleger para a Câmara Federal Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e Marcelo Freixo, ex-deputado e atual presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Também estaria nos planos eleger para a Assembleia Legislativa do Rio André Ceciliano, atual secretário de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula, e indicá-lo para a presidência da Casa.

Esses são desejos, na verdade, do grupo petista ligado à deputada Benedita da Silva e a Edinho Silva, candidato à presidência do PT, em julho, pela Construindo um Novo Brasil(CNB), corrente majoritária do partido. Quaquá, também do CNB, é um opositor ferrenho de Edinho, e também concorrente ao mesmo cargo.

Aliados de Quaquá dizem que o grupo de Benedita, antes de anunciar suas pretensões para 2026, “não combinou com os russos”, fazendo alusão a um comentário que o jogador Garrincha, então na seleção brasileira de futebol, em 1958, teria feito após receber instruções do técnico Vicente Feola, antes de uma partida contra a equipe da União Soviética.

O grupo de Quaquá alerta aos adversários internos que tem outros planos, bem distintos, para o partido no estado em 2026. O vice-presidente do PT, dizem seus aliados, é responsável por 60 mil novos filiados na legenda no Rio. Assim, a princípio, ele sairia como o favorito para vencer a disputa pelo comando estadual.

Sociólogo formado pela Universidade Federal Fluminense, filho de um policial militar e nascido na periferia de Nitéroi, Quaquá – que diz ter recebido o apelido porque ninguém no seu bairro sabia falar Washington -, hoje é cartola de futebol – no time do Maricá, que está na primeira divisão do campeonato carioca e venceu recentemente o Botafogo -, patrono de escola de samba, a Unidos do Maricá, e responsável por um polpudo orçamento na prefeitura de sua cidade graças aos royalties do petróleo.

Caso o poderoso grupo de Quaquá vença a eleição para o Diretório Estadual no Rio, os aliados de Benedita terão de negociar a obtenção de recursos para as campanhas políticas e quais candidaturas, eventualmente, serão priorizadas nas eleições. A ala liderada por Benedita deve apoiar para a presidência do PT no Estado o deputado federal Reimont. Quaquá, por sua vez, lançou para a presidência do Diretório Estadual do PT seu próprio filho, Diego Zeidan, ex-vice-prefeito de Maricá e atual secretário municipal de Habitação do Rio na gestão do prefeito aliado Eduardo Paes (PSD). “Ele (Diego) é um quadro político dedicado à economia solidária”, propagandeia Quaquá

O vice-presidente nacional do PT quer apoiar dois candidatos a deputado federal: o filho Diego e o ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Dilma Celso Pansera, atual presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao mesmo ministério.

Para a Assembleia, Quaquá pretende indicar três candidatos: sua ex-mulher e mãe de Diego, Rosângela Zeidan; o deputado Renato Machado, que concorrerá à reeleição; e o empresário Alysson Nunes, filho do atual presidente da Câmara de Maricá e aliado de Quaquá, Aldair de Linda.

Com o filho Diego eventualmente à frente do diretório estadual, a tendência é que os candidatos apoiados por Quaquá levem considerável vantagem na disputa por recursos.