O ministro da Defesa, José Múcio, atribui à bancada da bala, formada por parlamentares oriundos sobretudo de polícias, um dos principais focos de resistência no Congresso à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende mandar à reserva militares que se candidatem a cargos políticos.

Apoiado pela pasta como um modo de frear a mistura entre quarteis e palanques, o texto foi apresentado em 2023, ficou conhecido como “PEC dos Militares” e está estacionado no Senado desde agosto do ano passado.

Em um evento organizado por João Doria nessa segunda, com presença de comandantes das Forças Armadas, Múcio falou abertamente sobre esse diagnóstico. Disse o ministro da Defesa:

“O que é que mais dificulta? As polícias militares dos estados perceberam que isso poderia atingi-las. Você tem delegado fulano de tal que é deputado, deputado fulano de tal que vem de polícia. Sentimos que havia um burburinho, um movimento dentro da Câmara dizendo que não apoiaria isso. Alguns senadores tomaram isso como bandeira política e estamos tentando”.

José Múcio relatou ter conversado com Lula sobre a PEC e deve ter uma reunião com Jaques Wagner, líder do governo no Senado e autor da proposta. O papo vai girar em torno de uma avaliação sobre quais pontos precisam ser corrigidos para que o texto avance. O encontro está previsto para esta terça-feira, segundo o ministro.

Apesar das falas de Múcio, o governo não tem sinalizado prioridade ao tema em sua agenda no Legislativo.

Mesmo entre aliados do Palácio do Planalto no Congresso, predomina o pessimismo sobre uma possível aprovação da PEC a tempo das eleições de 2026. Para que as novas regras já valessem no pleito do ano que vem, a aprovação nas duas Casas e a sanção presidencial deveriam ocorrer até 4 de outubro, um ano antes do primeiro turno.