Para Paul Krugman, Nobel de Economia, poucos países no mundo estão “tão isolados” das repercussões negativas do tarifaço do presidente Donald Trump quanto o Brasil. Convidado especial do debate promovido no último dia 14 de maio em Nova York pelo PlatôBR e pelo Brazil Journal, o economista americano observou que, além de os Estados Unidos não serem o principal destino para as exportações brasileiras, o país ainda concentra suas vendas em commodities, como petróleo e soja, o que diminui a dependência. “Em geral, essas commodities são negociadas nos mercados mundiais e o que acontece nos Estados Unidos importa apenas na medida em que afeta os preços das commodities no mundo como um todo”, disse.
Para o economista americano, um cenário mais pessimista para o Brasil só se daria em caso de “colapso de toda a ordem econômica internacional”. “Até agora, não vejo isso acontecendo”, emendou em sua apresentação, com mediação do colunista Guilherme Amado. Krugman desenhou um cenário de incerteza para economia americana, especialmente com relação à trajetória da inflação. Destacou o risco de as expectativas futuras alimentarem a inflação atual e fez duras críticas à forma como Trump e sua equipe estão implementando a política comercial. “Se houver um ambiente em que todos estão aumentando os preços devido às tarifas, pode ser que consigam fazer isso porque as pessoas pensam que é o padrão. Assim, pode haver alguma inflação adicional”.