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Pacote fiscal põe em jogo eleições de 2026 e tamanho de Haddad no PT

Medidas para equilibrar as contas públicas, a serem divulgadas neste início de semana, deverão impactar muito mais do que somente a economia

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Foto: Ricardo Stuckert/PR

As medidas para equilibrar as contas públicas previstas para serem apresentadas neste início de semana darão o tom da preocupação do governo com a economia como cabo eleitoral em 2026 e, ainda, o tamanho do ministro Fernando Haddad (Fazenda) dentro do PT, partido do presidente Lula. Envolto em polêmicas sobre a necessidade de cortes em áreas sociais, o pacote já flertou com gregos e troianos nas últimas semanas.

No vaivém das negociações, a equipe econômica iniciou o debate sinalizando para o mercado a disposição de estabilizar a dívida pública no médio prazo e tomar medidas duras, se fossem necessárias. O presidente Lula titubeou diante do desgaste com movimentos sociais, com seu próprio partido e com ministros da base aliada. O Banco Central alertou para o risco de perder o controle do principal instrumento que tem, a taxa de juros, para controlar a inflação em 2026, conforme destacou o PlatôBR. A população, por sua vez, seguiu insatisfeita com o governo, como registraram as mais recentes pesquisas de satisfação.

Internamente, no governo, avalia-se que a fotografia do momento, no entanto, precisa ser administrada de olho “no cenário que se quer em 2026”, quando estará em jogo a sucessão presidencial, com ou sem Lula candidato. O Banco Central já disse que suas decisões tomadas agora impactam a vida real lá no primeiro semestre de 2026.

Segundo interlocutores do presidente, Lula está ciente do que precisa ser feito, mas não irá ficar “refém” do mercado. Por isso, defende, as medidas do pacote fiscal terão “a medida exata” para atacar o problema atual das constas públicas. Quanto a Fernando Haddad, o presidente acredita que ele “sairá fortalecido”.

Haddad é um dos pupilos de Lula e, ao menos teoricamente, o primeiro nome do PT caso o presidente não dispute a reeleição. Porém, ele sabe e já tem mapeadas as resistências que enfrenta no partido. Uma dela é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que, publicamente, já disse que o ministro deveria ser candidato ao Senado.

Entre petistas, há quem defenda que enfraquecer Haddad enquanto ele estiver à frete do Ministério da Fazenda é o mesmo que enfraquecer Lula, já que o desempenho do ministro no comando da política econômica reverbera na vida real dos eleitores do presidente. A avaliação é que nos próximos dois anos, o governo precisa colher frutos e gerar números positivos que possam impactar no humor população.

Acredita-se que o cenário internacional não deverá ajudar muito, já que no início do mandato de Donald Trump espera-se alguma tensão internacional, com desdobramentos nos períodos seguintes. E, aí, leia-se: volatilidade cambial, risco de pressão inflacionária e juros elevados. Internamente, o cenário político também estará acirrado com os capítulos seguintes ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso da tentativa de golpe. No meio disso, o governo precisará gerenciar as expectativas da população em relação ao futuro.

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