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Setor privado deve reagir ao Carrefour em cadeia, defende ex-ministro

Rede francesa anunciou semana passada que não compraria mais carne do Mercosul. Produtores brasileiros iniciaram boicote à marca, com apoio do governo

Roberto Rodrigues (político)
Foto: Everton Amaro/FIESP/SESI/SENAI

Uma das maiores referências no mundo do agronegócio, o ex-ministro da Agricultura e professor emérito da FGV Roberto Rodrigues defendeu que o setor privado brasileiro se organize e reaja firmemente ao boicote à carne brasileira anunciado semana passada pela rede Carrefour. Em carta endereçada a um sindicato francês, o CEO da rede disse que deixaria de importar carne do Mercosul, o que inclui a carne brasileira.

A medida valeria apenas para as unidades na França. “Uma coisa é querer proteger seu mercado, o que é legítimo, mas, então, fale a verdade e não venha de uma forma falsa e hipócrita”, afirmou Rodrigues ao PlatôBR, rechaçando as insinuações com relação à qualidade sanitária do produto brasileiro, que constou no comunicado do CEO do Carrefour.

“Cabe ao setor privado brasileiro reagir firmemente. Tinha que haver uma reação nacional e não só da carne, mas de toda cadeia “, defendeu o ex-ministro.

Segundo ele, o impacto econômico da decisão do Carrefour, é muito baixo, mas há um risco grande de reputação para o Brasil. “A Europa e, especialmente, a França são importantes formadores de opinião e há um prejuízo para imagem brasileira”, disse.

Do ponto de vista do comércio exterior, ele explicou que a Europa tem mais a perder do que o Brasil. “Pelos dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), somente 2,6% das exportações brasileiras vão para Europa. Mas a carne brasileira representa 25% das importações de carne deles”.

Roberto Rodrigues comandou o Ministério da Agricultura de 2003 a 2006, no primeiro governo Lula. No período, ele teve de administrar algumas crises que envolviam embargos à carne brasileira.

O ex-ministro participou na tarde desta segunda-feira, 25, em Brasília, de um encontro nacional do agro. O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Paulo Sérgio Mustefaga, também defendeu o direito das empresas brasileiras de reagir à decisão do grupo francês.

“A fala do CEO (do Carrefour) foi infeliz. Traz discriminação contra o agro brasileiro como um todo. Não é assim que se resolve uma situação entre dois parceiros comerciais”, disse.

Segundo Mustefaga, qualquer empresa brasileira que se sinta prejudicada com a decisão do Carrefour tem o direito de adotar medidas oportunas na defesa dos seus interesses”.

A decisão de agora da matriz do Carrefour vem provocando reações pesadas de grandes produtores nacionais, como a JBS, que anunciou a suspensão do fornecimento de carnes às lojas da marca no Brasil. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apoiou o boicote à rede francesa.

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