Em meio aos debates globais sobre as mudanças climáticas e a preservação ambiental, a COP30, em Belém, terá uma programação cultural que resgata a memória de Hercule Florence, explorador e inventor do século XIX, considerado um dos precursores da fotografia mundial.

A exposição, promovida pelo Instituto Hercule Florence (IHF), será inaugurada durante a COP e ocupará o Sesc Ver-o-Peso por três meses. Em parceria com o Núcleo de Fotografia da unidade, a mostra propõe um mergulho na trajetória do artista-viajante franco-brasileiro, que foi também um observador das paisagens e culturas da Amazônia.

A abertura da exposição vai incluir um encontro temático sobre o legado de Florence, além de visitas guiadas e atividades educativas. A iniciativa integra a programação paralela da COP30, que começa em 10 de novembro e vai até o dia 21.

Hercule Florence nasceu em 1804 em Nice, França e faleceu em 1879 em Campinas (SP), onde viveu grande parte de sua vida.

Florence participou da Expedição Langsdorff (1825–1829), uma das mais ambiciosas incursões científicas realizadas no Brasil no século XIX, percorrendo cerca de 17 mil quilômetros pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará, entre 1824 e 1829.

Liderada pelo médico e naturalista alemão Georg Heinrich von Langsdorff, então cônsul da Rússia no Rio de Janeiro, a jornada reuniu cientistas e artistas europeus em busca de conhecimento sobre a fauna, flora, geografia e povos indígenas brasileiros.

Ao longo do trajeto, Florence produziu desenhos, anotações e descrições minuciosas do que encontrou. Um desses registros, datado de 1828, reflete seu encantamento com a floresta amazônica:

“Uma floresta virgem é sempre um belo adorno para uma região; admiramos, amamos, sem perceber, essa grande variedade de árvores antigas, de palmeiras, de lianas, de plantas gigantescas, com folhas do tamanho de um homem.”

Além de seus feitos como naturalista e desenhista, Florence também desenvolveu um método de impressão por luz que antecipou a fotografia, o que reforça sua importância tanto para a história da arte quanto da ciência.