A fuga da deputada Carla Zambelli (PL) acendeu um alerta no STF. A partir do episódio, ministros do tribunal passaram a cogitar a possibilidade de confiscar os passaportes de investigados pela trama golpista, como revelou a coluna. A ideia era evitar que, a exemplo de Zambelli, algum réu saísse sorrateiramente do Brasil para evitar o cumprimento da pena em caso de eventual condenação.

No STF, foi feito um levantamento para saber quais réus ainda estão com o passaporte, e quais tiveram o documento apreendido. Esse procedimento foi feito não apenas no núcleo central da trama golpista, que inclui Jair Bolsonaro e Mauro Cid, mas também em relação a outras ações penais sobre a tentativa de golpe de Estado.

A partir dessa preocupação, a Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 13, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado. A suspeita é que ele tentou ajudar Cid a obter um passaporte português.

O STF ainda não confirmou a informação veiculada pela TV Globo de que Cid teria sido alvo de um mandado de prisão que não chegou a ser cumprido. Há possibilidade de o tenente-coronel prestar depoimento sobre as novas suspeitas que recaem sobre ele ainda nesta sexta-feira.

A tentativa de fuga é um dos motivos que ensejam a prisão do réu antes do encerramento das investigações.

Caso Zambelli

A preocupação de ministros do STF é evitar um novo caso Zambelli. A deputada foi condenada a 10 anos de prisão por ter participado da invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ela ainda não tinha sido presa, porque tinha direito a recorrer da condenação em liberdade. Somente com o trânsito em julgado – ou seja, após a análise de todos os recursos – a pena seria cumprida.

Em caráter reservado, ministros do Supremo defendem que haja mudança na regra para que o passaporte de investigados pela trama golpista seja confiscado antes do início do cumprimento da pena.