Realidades políticas diferentes como as de Brasil, China, Rússia e Índia tornam difícil o consenso sobre direitos humanos, paz, segurança e questões políticas em geral nos Brics — bloco formado por esses países, além de Arábia Saudita, Irã, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia e o Emirados Árabes Unidos. A análise foi feita por Antonio Patriota, ex-chanceler do Brasil e atualmente embaixador do Brasil no Reino Unido, durante o Brazil Forum UK, evento em Oxford organizado por estudantes brasileiros no Reino Unido.

Patriota participou do painel “O Brasil na governança global: estratégias em um novo multilateralismo”, ao lado de Marta Viegas, integrante do Conselho de Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) — a diretora executiva suplente pelo Brasil se debruçou principalmente sobre o papel dos bancos multilaterais.

Ainda sobre os Brics no cenário de governança global, Patriota lembrou que há consenso em outros temas, como em temas de governança econômica e financeira internacional.

“Há temas em que é fácil chegar a um consenso entre os Brics. Por exemplo, na diversificação das candidaturas a presidir o Banco Mundial e o FMI, que estão muito divididas entre os Estados Unidos sempre no Banco Mundial, e o europeu sempre no FMI”, exemplificou.

Os painelistas discutiram maneiras de como o Brasil pode evitar contradições entre as agendas distintas dos integrantes do bloco, fortalecer a cooperação regional e usar a estrutura financeira e diplomática para influenciar a governança global.

A exemplo de maneiras em que o Brasil tem buscado fortalecer a cooperação com os demais integrantes do Brics, Patriota citou a iniciativa inovadora de promover um debate sobre reforma da governança global que foi levado às Nações Unidas. “Foi a primeira vez que se fez isso”, destacou o embaixador.

Na edição deste ano, o Brazil Forum UK tem como tema “O caminho brasileiro ao protagonismo”.

Entre os palestrantes, lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e representantes da sociedade civil. Entre eles, Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo; Juliana Bueno, gerente de relações governamentais e políticas públicas da Google; Luciana Ozemela, vice-presidente de sustentabilidade do iFood; e Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.