O deputado distrital João Cardoso (Avante) é um dos políticos brasileiros que está em Israel desde antes da escalada dos ataques ao Irã. O integrante da Câmara Legislativa do DF não está na comitiva de prefeitos que conseguiu chegar à Jordânia nesta segunda-feira, 16.
Além de Cardoso, secretários do governo do Distrito Federal (GDF) que também não entraram no grupo que saiu para a Jordânia, seguem em Israel. São eles: Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Costa. Secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Soares Marra. Secretário de Agricultura, Rafael Bueno. Secretário executivo do Consórcio Brasil Central, José Eduardo Pereira Filho.
Cardoso respondeu algumas perguntas do PlatôBR. Confira:
Deputado, em que contexto o senhor está em Israel neste momento? Qual a missão?
Estou em Israel cumprindo uma missão oficial autorizada pela CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal), conforme o Ato da Mesa Diretora nº 85/2025, publicado em 14 de maio de 2025. Embora seja uma viagem oficial foi com recursos próprios, sem ônus para a CLDF. Vim atender a um convite do Centro Internacional Domus Galilaeae, localizado na região do Mar da Galileia, para participar de um período de formação espiritual e cultural, com foco no diálogo inter-religioso e na reflexão sobre os fundamentos da fé cristã. Essa missão faz parte das atividades que desenvolvo como presidente da Frente Parlamentar Católica da CLDF e Vice-Presidente da Frente de Cooperação Brasília-Israel.
Como tem sido a experiência de estar em um bunker durante os bombardeios? Pode descrever como foi o momento do alerta e como se protegeu?
Tem sido uma experiência de muita tensão, mas também de aprendizado sobre a realidade que tantas pessoas enfrentam diariamente aqui na região e que, infelizmente, estão habituadas com esse tipo de cenário. Quando as sirenes tocam, a orientação é clara: devemos ir imediatamente para o bunker, que é um espaço seguro preparado para esses momentos de alerta. No primeiro alerta, o susto foi grande. Estávamos reunidos e, de repente, o som da sirene ecoou por toda a região. Em poucos segundos, todos se dirigiram ao bunker. Lá dentro, aguardamos até receber a confirmação de que era seguro sair novamente. Temos cumprido rigorosamente todas as orientações das autoridades locais e da Embaixada do Brasil.
O senhor mantém contato com autoridades brasileiras ou com a embaixada desde que os ataques começaram? Que tipo de suporte recebeu?
Sim, desde o início dos ataques tenho mantido contato com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv. A equipe da Embaixada tem sido bastante atenciosa, nos mantendo informados sobre a situação e passando as orientações de segurança que devemos seguir. Desde que os primeiros alertas começaram, estamos seguindo todas as recomendações oficiais, inclusive no que diz respeito aos deslocamentos e aos procedimentos de proteção, como a ida ao bunker durante os alarmes de ataque aéreo. Além disso, também estamos em contato constante com a equipe do meu gabinete no Brasil, que tem acompanhado de perto a situação e mantido diálogo com os órgãos responsáveis, para que, no momento mais seguro, possamos retornar ao Brasil.
O que essa experiência tem lhe feito refletir sobre segurança, conflitos internacionais e o papel do Brasil em situações como essa?
Ainda não tive muito tempo para absorver tudo o que estamos vivendo aqui, porque a prioridade tem sido seguir as orientações de segurança. Mas, mesmo assim, é impossível não refletir sobre o quanto a paz é um bem precioso e o quanto tantas pessoas, infelizmente, vivem sob esse tipo de tensão diariamente. Essa experiência tem me feito pensar muito sobre o papel do Brasil como defensor do diálogo, da paz e dos direitos humanos nas relações internacionais. E, como parlamentar, levo desse momento um compromisso ainda maior com a defesa da vida e da dignidade humana.