Os ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã neste fim de semana aumentam a tensão mundial sobre o futuro do Oriente Médio. Desde que Israel iniciou os bombardeios, em 12 de junho, a região vive uma escalada militar com efeitos na geopolítica global, no preço do petróleo e no comércio exterior. O governo brasileiro tem manifestado preocupação com a segurança e com a economia internacional. 

Em duas semanas, o Brasil estará no centro dos debates sobre esses temas, que serão tratados na reunião do Brics marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. Para o encontro, são esperados os chefes de estados dos países integrantes do bloco. O Irã faz parte do Brics. Em entrevistas concedidas à imprensa neste domingo,22, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, alertou para os riscos de uma guerra mundial com o agravamento dos atuais conflitos no Oriente Médio e entre Rússia e Ucrânia.

Nota do Itamaraty
Neste domingo, 22, o governo brasileiro se manifestou em nota oficial divulgada pelo Itamaraty. O comunicado do Ministério das Relações Exteriores expressa “grave preocupação” com a escalada militar no Oriente Médio e condena veementemente ataques recentes de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares no Irã. Essas ações, segundo o Itamaraty, representam uma violação da soberania iraniana e do direito internacional.

“Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica”, diz a nota..

O Itamaraty alerta para os riscos à vida e à saúde da população civil. Ressalta também que ações militares desse tipo podem causar contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala. O Brasil reiterou ainda sua posição histórica em defesa do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeitou qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio.

A nota também condena os ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, que vêm provocando número crescente de vítimas e destruindo infraestrutura civil, incluindo hospitais, protegidos pelo direito internacional humanitário.

O governo brasileiro voltou a pedir “máxima contenção” por parte dos envolvidos e defendeu a necessidade urgente de uma solução diplomática. “As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear”, finaliza a nota.