O ex-presidente Michel Temer foi um dos políticos mais celebrados no primeiro dia do Fórum de Lisboa, o encontro anual promovido na capital portuguesa pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.

Temer esteve em ao menos dois painéis nesta quarta-feira, 2, um deles na plateia e outro como palestrante, para falar de direito constitucional e democracia. Foi paparicado por autoridades e outros participantes do fórum.

Ele alfinetou indiretamente o presidente Lula ao mencionar a crise entre o Planalto e o Congresso, motivada pelo polêmico decreto do IOF. Afirmou que a harmonia entre os poderes só pode existir se houver diálogo, e defendeu a centralidade do Parlamento nas decisões importantes para o país.

“Você só pode ter harmonia se dialogar. Os poderes têm que dialogar entre si. Agora, quando me perguntam sobre o IOF, que foi objeto de um decreto legislativo que suspendeu a sua vigência, eu digo: ‘O Congresso tem direito de fazer isso. O Executivo poderia remeter esse projeto, e o Judiciário, se provocado, necessariamente tem que dar uma palavra. E até, com toda franqueza, faço um comentário político: o que houve no caso do IOF foi a falta de diálogo”, afirmou, referindo-se claramente à decisão do governo de baixar o decreto sem combinar o jogo antecipadamente com os congressistas.

O cutucão em Lula, ainda que sem citar o nome do presidente, veio em seguida: “No Brasil, nós temos a consciência, ou a ideia equivocada, de que o presidente da República pode tudo. E não pode. Só pode se tiver apoio do Congresso Nacional”.

Temer também esteve em eventos organizados em paralelo à programação oficial. Num almoço, encontrou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que está no centro da crise com o Planalto. Também estavam por lá outros figurões do Centrão, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira.

Até sexta, quando termina o fórum de Gilmar em Lisboa, as orelhas de Lula e de outros figurões do governo vão arder.