Os chefes de Estado do Brics, grupo criado para a cooperação entre economias dos países emergentes, se reúnem a partir deste domingo, 6, no Rio de Janeiro. Neste ano, sob a presidência do Brasil, o encontro será esvaziado. Ausências importantes já foram comunicadas, como a do presidente da China, Xi Jinping, que era esperado, mas informou na semana passada que não comparecerá. O governo chinês não apresentou ao Brasil justificativas para a ausência do líder.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não participará da Cúpula do Rio devido a um pedido de prisão contra ele feito pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), por crimes de guerra contra a Ucrânia. O Brasil faz parte do Estatuto de Roma, que criou o TPI em 1998. Nesse caso, o país teria a obrigação de prender o presidente russo em solo brasileiro.

Além dos dois pesos-pesados do bloco, também não comparecerão o presidente do Egito, Abdel Fatah Al-Sisi, e do Irã, Masoud Pezeshkian, país em conflito com Israel.

Em tempo de guerra entre países do Oriente Médio, a diplomacia brasileira admite que outras desistências podem ocorrer de última hora e tenta contornar ausências. No caso de Putin, por exemplo, o governo brasileiro negociou a participação por meio de uma videoconferência, e o chanceler Serguei Lavrov participará do encontro no Rio de Janeiro.

Durante a abertura da Conferência Anual do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), instituição ligada ao Brics, o presidente Lula defendeu, nesta sexta-feira 4, a criação de uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais internacionais. O grupo originalmente era formado por Brasil, Índia, Rússia e China, mas foi ampliado com a inclusão de África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Etiópia e Irã. Esses são membros plenos. Outros convidados representam nações parceiras, casos de Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

A ideia do Brasil era passar na reunião do Brics um sinal forte em defesa do multilateralismo em contraponto ao cenário de guerras e de tarifaços comerciais incentivados principalmente pelos Estados Unidos, sob o comando do presidente Donald Trump. As ausências enfraquecem os propósitos do Brasil com a reunião. Outra articulação visa a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), diálogo recorrente no discurso brasileiro, mas que acaba também prejudicado pelo esvaziamento do encontro.

Bilaterais
No Rio, a previsão é de que Lula tenha dois encontros bilaterais, com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, e com o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, tem um encontro marcado com Lula, na terça-feira, 8, após a reunião da cúpula, em Brasília.

Lula também receberá, na quarta-feira, 9, o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. A morte de Juliana Marins em um vulcão no país asiático será um dos assuntos tratados nesse encontro. O governo brasileiro deseja esclarecer as suspeitas de negligência de socorro à brasileira que caiu em uma cratera durante um passeio no parque.