O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu seu primeiro passo no sentido de retomar o diálogo com o Executivo na noite de terça-feira, 9. Ele ligou para os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) para a conversa que ocorreu logo depois na residência oficial da Câmara.
Mas ainda há uma exigência de Motta que precisa ser cumprida pelo governo para que novos atritos não se formem. Até hoje, o comandante da Câmara se ressente de não ter sido avisado por Haddad sobre a edição do primeiro decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Sem a chamada “previsibilidade de pauta”, a paz com o Planalto, de acordo com interlocutores de Motta, será efêmera.
A falta de um comunicado sobre o IOF teve o troco de Motta, que também pautou a derrubada do decreto de surpresa, escalando a crise do Legislativo com o Executivo. Depois desse episódio, o clima político ficou mais pesado, com afastamento entre o governo e o Congresso.
Da reunião na casa de Motta também participaram o ministro da AGU, Jorge Messias, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre e líderes. Não houve, no entanto, um avanço para resolver o impasse sobre o IOF que, agora, envolve o STF (Supremo Tribunal Federal), que realizará uma audiência pública, sob a coordenação do ministro Alexandre de Moraes, no próximo dia 15 de julho para tentar encontrar uma solução consensuada.
Motta informou a interlocutores que a reunião serviu para a “retomada do diálogo” após o desgaste na relação que incluiu até as acusações de que ele não teria cumprido acordos com o Planalto. O presidente da Câmara também chamou o encontro após ser criticado duramente nas redes, por meio de vídeos iniciados pelo Planalto, que conseguiu emplacar a narrativa de que o Congresso trabalha para proteger os mais ricos, enquanto o governo se preocupa com os mais pobres, mote que serviu para aumentar ainda mais a ira de Motta.