Os trackings do Planalto já haviam identificado uma melhora na avaliação do governo antes mesmo do discurso de ricos contra pobres incendiar as redes sociais. Na avaliação da Secom, o escândalo do INSS havia, meses atrás, paralisado um ensaio de melhora dos índices e, com o decorrer das denúncias, o tema arrastou a aprovação do petista para baixo. A melhora antes das reação da esquerda contra o Congresso nas redes mostra, para os governistas mais otimistas, que Lula está saindo das cordas e que a crise do INSS já cobrou seu preço.

Talvez tenha sido por isso que o ministro Wolney Queiroz disse que o governo está animado com a CPMI. A base de Lula prepara no Congresso um contra-ataque, com dados e números que mostram que a raiz das fraudes na Previdência está no governo Bolsonaro. Outro ponto que o governo avalia que, se não vai melhorar, ao menos não vai piorar sua imagem é o começo do pagamento aos aposentados e pensionistas lesados. O Planalto quer deixar claro que ressarcir os cidadãos diante de uma fraude, sem judicialização, é um ato inédito no país.

A melhora da avaliação do governo foi revelada também esta semana pela pesquisa Atlas/Intel. Em relação a março, a aprovação de Lula cresceu cinco pontos percentuais, chegando a 42,9% em julho. A avaliação negativa no período mostrou-se estável: 40,9% em julho e 41% em março. A aprovação cresceu para além da margem de erro, que é de dois pontos para cima ou para baixo.

Mas esse não foi o único ponto da Atlas/Intel que animou a Secom. No embate com o Congresso Nacional, o governo levou a melhor nos dados divulgados. Enquanto 38% têm muita confiança no governo (o índice mais alto das instituições testadas, como Judiciário e Forças Armadas), o Congresso tem 3%. E a situação se complica para o presidente da Câmara, Hugo Motta, que tem 4% de avaliação positiva contra 47% de Lula. Davi Alcolumbre tem 3%. 

Se esse é o embate de agora, o petista está em melhores condições do que antes. Além disso, o governo e o PT apostam na boa fase da esquerda nas redes sociais, depois de só perder para a direita e a extrema direita desde 2018. Já com vistas a 2026, Lula tem a mesma rejeição (imagem negativa) de Jair Bolsonaro, 53%. Michele Bolsonaro tem 50%. E Tarcísio de Freitas, 47%. Por enquanto, cenário embolado.

Outra parte do levantamento que animou a Secom foi a avaliação de programas como o Farmácia Popular. A gratuidade dos medicamentos teve 77% de aprovação. Esse deve ser um ponto que a Secom vai usar para as campanhas publicitárias. Minha Casa Minha Vida e a exclusão do IR para quem ganha até R$ 5 mil têm 55% e 62% de aprovação, respectivamente.

Agora, é esperar para saber se causa impacto a investigação da PF, determinada pelo Supremo, que cita o nome do líder do governo na Câmara, José Guimarães. E como a população vai receber as medidas de Donald Trump contra o país.