No final da reunião de líderes na Câmara, no final da manhã desta quinta-feira, 10, o único assunto abordado pelos representantes dos partidos foi a carta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou para Lula sobre a decisão de aumentar em 50% as taxas das exportações brasileiras. A briga entre o Congresso e o governo em torno da elevação das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) virou tema secundário nas reuniões e conversas de corredor.

Agora, só se fala do tarifaço. Na saída da reunião, os líderes dos maiores partidos do governo e manifestaram suas opiniões sobre a medida de Trump. Lindbergh Farias (PT-RJ), cobrou uma resposta institucional da Câmara ao tarifaço e classificou de “chantagem” a decisão do governo americano. “Não é apenas uma retaliação econômica, é um ataque ao Brasil e às suas instituições”, disse o petista.

O deputado do PT afirmou ter reunido assinaturas suficientes para a convocação de uma comissão geral na Câmara, com participação do Itamaraty, de setores empresariais e de especialistas para discutir os impactos da medida. Ele também apresentou uma moção de repúdio à decisão americana e um novo adendo ao pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alegando que o deputado licenciado atuou diretamente junto a aliados de Trump para fomentar retaliações contra o STF (Supremo Tribunal Federal).

Líder do PL e um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) reagiu em defesa do partido e de Trump. Disse que o PL é contra taxações por princípio, já que defende o liberalismo econômico, e que a responsabilidade pela deterioração nas relações com os Estados Unidos é do governo Lula. “Quem procurou conflito foi o governo, que prefere se aliar a ditaduras como Irã e Hamas, em vez de defender valores democráticos. Agora, colhe as consequências”, afirmou.

Sóstenes também rebateu críticas a um voto de louvor aprovado em plenário a Trump, dizendo que a homenagem ocorreu antes do anúncio das tarifas e se referia apenas à solidariedade do presidente americano a Jair Bolsonaro. “Estão tentando distorcer os fatos. O governo tem 21 dias para resolver isso via diplomacia, e não adianta transferir responsabilidade”, declarou.