Com a assinatura de 69 deputados — nem toda a bancada de esquerda — o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, protocolou na quarta-feira, 16, um pedido de suspensão imediata do mandato de Eduardo Bolsonaro. Mas a expectativa no comando do partido é baixa em relação a alguma tomada de atitude na Casa.

A avaliação de líderes ouvidos pela coluna é que dificilmente o mandato de Eduardo será cassado. Eles tomam como exemplo a cassação emperrada de Carla Zambelli, que fugiu para a Itália, mas mantém seu mandato. Tanto Zambelli quanto Eduardo estão licenciados da Câmara, sem vencimentos, mas seus gabinetes e funcionários continuam em pleno funcionamento, alimentados por recursos públicos.

No documento protocolado na quarta, além de pedir a suspensão do mandato de Eduardo, os parlamentares reivindicam que a Mesa Diretora da Câmara analise dois pedidos já feitos pelo PT sobre a cassação do deputado do PL. O mais recente foi em 11 de julho, depois do anúncio do tarifaço de Donald Trump.

“É inadmissível que um deputado federal, ainda que licenciado, utilize seu cargo e sua visibilidade para agir contra o interesse nacional, em conluio com potências estrangeiras, buscando pressionar instituições brasileiras mediante ameaças econômicas, difamação internacional de autoridades do Estado e sabotagem à soberania nacional”, diz o requerimento dos petistas.

A aposta, no entanto, é que o processo se estenda de tal modo que o próprio Eduardo Bolsonaro desista do mandato antes de qualquer movimento, escapando assim de uma eventual cassação e da inelegibilidade. Ele já afirmou algumas vezes que pode renunciar à vaga na Câmara.

“Com essa composição da Câmara, não dará em nada”, disse um dirigente do PT à coluna, lembrando o caso da condenada e foragida Carla Zambelli, ainda deputada.

Segundo os petistas, é mais provável que, se houver, alguma retaliação parta não da Câmara, mas do STF, onde corre uma investigação sobre obstrução à Justiça.