O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), preferiu o silêncio — com um sorriso discreto — ao ser chamado de “futuro presidente da República” durante evento em Embu das Artes nesta quinta-feira, 17. O gesto veio após uma série de elogios durante a entrega de unidades habitacionais, em cerimônia ao lado de aliados locais.
O ex-prefeito Ney Santos (Republicanos) foi direto: “A voz do povo é a voz de Deus e o Tarcísio será o nosso presidente da República.” O atual prefeito, Hugo Prado (Republicanos), reforçou: “Temos um governador que sabe dialogar com todos, e é disso que o Brasil precisa.”
A cena acontece em meio ao desgaste entre Tarcísio e setores do bolsonarismo, agravado pela reação negativa ao posicionamento do governador sobre o tarifaço de 50% anunciado pelo governo de Donald Trump contra produtos brasileiros. Enquanto a base bolsonarista culpa o governo Lula, Tarcísio tem pregado diálogo e atuação técnica, afastando-se um pouco do tom de confronto da família Bolsonaro.
O cenário é ainda mais sensível porque o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível até 2030. Com isso, Tarcísio aparece como possível nome da direita para 2026. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta, ele é o único nome do campo conservador que empata com Lula em um eventual segundo turno.
Mais cedo, ao ser questionado no Senado se Tarcísio é o nome da direita na próxima eleição, Bolsonaro respondeu de forma seca: “Ele tá no PR, eu não respondo pelo PR”, disse, em referência ao Republicanos, partido ao qual o governador é filiado desde 2022.
Tarcísio evita confrontos diretos com Bolsonaro, mas tem dito a aliados que seu foco é a reeleição em São Paulo. Ainda assim, o afastamento da ala mais radical e o tom moderado reforçam a movimentação de parte do Centrão para colocá-lo como “plano B” da direita em 2026.