A Polícia Federal concluiu no final de maio um inquérito sobre suposto crime de falsidade ideológica eleitoral na campanha de Lula em 2022. A investigação apurava se a campanha do petista omitiu da prestação de contas à Justiça Eleitoral serviços supostamente prestados por uma agência de comunicação. A delegada responsável pelo inquérito afirmou em seu relatório final que a apuração não encontrou indícios de crime no caso.
As suspeitas sobre a agência foram levadas inicialmente à PGR, em setembro de 2023, por meio de uma representação criminal assinada por 52 deputados da oposição. A denúncia se baseou em uma reportagem do site “O Bastidor”, segundo a qual a Polo Marketing Digital teria prestado serviços à campanha de Lula, não informados na prestação de contas ao TSE. À época das eleições de 2022, essa agência tinha contrato com o PT para comunicação digital e criação de conteúdo.
A reportagem citou informações de ações trabalhistas movidas por dois ex-funcionários da Polo Marketing contra a agência e o PT. Um deles é designer gráfico e o outro é analista de redes sociais. O conteúdo dos processos incluía mensagens de WhatsApp da dona da empresa, Clarisse Mello Chalreo, que sugeririam que a equipe da Polo havia trabalhado em conteúdos para a campanha de Lula. Um exemplo dessa atuação seria a elaboração de “cards” para o debate da CNN no segundo turno, que teria sido encomendada pela campanha.
No relatório final do inquérito, assinado em 29 de maio de 2025, no entanto, a delegada Lorena Lima Nascimento concluiu que os serviços foram prestados ao PT, e não à campanha de Lula. A delegada afirmou no documento que os ex-funcionários da agência não disseram “em nenhum momento” nos processos trabalhistas terem atuado para a campanha, mas sim ao partido.
Ambos também prestaram depoimentos à PF, assim como Clarisse, a dona da empresa. Nas oitivas, eles relataram que os serviços foram prestados somente ao PT, que não trabalharam para a campanha de Lula e que o volume de demandas do partido à agência aumentou muito durante as eleições de 2022.
“Concluímos inexistir, pelo contexto fático objeto de apuração, quaisquer indícios de prática do crime de falsidade ideológica eleitoral sugerido pela representação criminal”, escreveu a delegada.
Após a apresentação do relatório de Lorena Nascimento, o Ministério Público Eleitoral pediu que o inquérito fosse remetido ao STF. O promotor Paulo Roberto Binicheski apontou que o Supremo, foro do presidente da República, deveria ser informado sobre a investigação para decidir a respeito da competência sobre ela. A Justiça Eleitoral no Distrito Federal enviou o inquérito ao STF em 15 de julho e os documentos chegaram à Corte no último dia 22.
Depois que o Supremo definir qual instância da Justiça deve ser responsável pela investigação, o MP Eleitoral, na primeira instância, ou a PGR, junto ao STF, vão analisar o relatório da PF e se manifestarão. O parecer pode pedir o arquivamento do caso ou mais diligências para aprofundar a apuração.