Paulo Gonet enviou ao STF uma manifestação contrária a um pedido do diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, para que seja cancelado o indiciamento dele pela Polícia Federal no inquérito da “Abin paralela”. O caso mirou uma estrutura clandestina de monitoramento na Abin durante o governo Jair Bolsonaro.

Corrêa é suspeito de tentar atrapalhar a apuração e foi indiciado pela PF por crimes de obstrução de investigação contra organização criminosa, prevaricação e coação no curso do processo. Em uma petição endereçada a Gonet em 11 de julho, o chefe da Abin solicitou que o inquérito fosse arquivado contra ele e o indiciamento, cancelado.

Os advogados de Corrêa (foto abaixo) fizeram uma série de críticas ao relatório final da PF, que o incluiu entre os indiciados ao lado de nomes como Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem. A defesa classificou as conclusões da PF como “impressões subjetivas” a partir de “fatos pinçados, descontextualizados e deturpados”. Disse também que não faria sentido político que Corrêa, nomeado por Lula, obstruísse as investigações que miravam perseguições de adversários do governo Bolsonaro.

Para Paulo Gonet, no entanto, o pedido para arquivar a investigação contra Corrêa e cancelar seu indiciamento não pode ser atendido neste momento.

Em parecer a Alexandre de Moraes, relator do inquérito, nessa sexta-feira, 25, o procurador-geral da República afirmou que a PGR não está “vinculada” às conclusões da PF, mas que analisa o caso para definir sobre o oferecimento de denúncia ou não contra os investigados.

Gonet disse que uma decisão da PGR sobre apresentar uma acusação, pedir mais diligências ou arquivar o caso contra algum dos alvos “demanda a análise aprofundada das investigações, que se revelam complexas” e será tomada “em momento oportuno”.