Embora tenha atenuado as sanções econômicas, isentando Embraer, suco de laranja e outros produtos do tarifaço de 50%, os gestos de Trump deixam a cozinha do governo Lula em alerta. A avaliação de fonte ouvida pela coluna é que o americano está escalando em sanções de caráter político, como o uso da Magnitsky contra Alexandre de Moraes. E pode não parar por aí.

O alerta permanece também porque o governo teme sofrer o desgaste quando e se a economia piorar no país, com a taxação exorbitante do governo americano, consumidor de quase 15% das exportações brasileiras. Ou seja, nada de alívio para os governistas, embora as comemorações da militância reverberem nas redes sociais.

Enquanto a diplomacia tenta restabelecer uma negociação mais eficaz com o governo dos EUA e o Ministério da Fazenda aposta na mitigação das sobretaxas para outros produtos – o ministro Haddad disse nesta quinta-feira, 31, que o país está ainda no começo das negociações –, o presidente Lula seguirá com o discurso de soberania nacional, mas com um tom aberto ao diálogo.

Tem-se alardeado que os preços no país podem baixar, com maior oferta dos produtos que serão rejeitados pelos EUA, mas sabe-se que os danos às cadeias produtivas vão incidir sobre preços, empregos e segurança econômica. É a opinião do diretor de abastecimento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Arnoldo Campos, sobre o tarifaço ter o efeito de um elástico, resultando em risco para a mesa dos brasileiros, como mostrou a coluna.