O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, fica frente a frente nesta quarta-feira, 13, com o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do Planalto acusado de monitorar autoridades no plano frustrado de golpe de Estado. Delator do caso, Cid foi desafiado para uma acareação diante do relator dos processos no STF, o ministro Alexandre de Moraes.
Próximo de ser julgado, Câmara acusou Cid de mentir e pediu o confronto. Além de rebater o ex-ajudante de ordens sobre seu papel, o ataque do coronel à veracidade da delação interessa aos demais réus, inclusive a Bolsonaro. O embate de versões dos colegas de farda faz parte de um conjunto de iniciativas dos acusados para tentar minar a veracidade de toda a delação. Outro réu no processo, o general Braga Netto, também chamou Cid de “mentiroso” em acareação realizada em junho.
O bombardeio à narrativa do delator é parte da estratégia das defesas nos quatro processos contra os 34 réus integrantes dos núcleos de liderança da tentativa de golpe, segundo a PGR. Bolsonaro e Cid estão na ação penal do núcleo 1, composto por oito personagens “cruciais” da trama. Câmara é do núcleo 2, que tem cinco acusados de montar a “minuta do golpe”, atuar no monitoramento de Moraes e, também, nas ações para atrapalhar a votação em cidades com maior eleitorado petista.
A acareação entre Cid e Câmara está marcada para o final da manhã da quarta-feira, poucas horas antes do encerramento do prazo para que a defesa de Bolsonaro apresente suas alegações finais no processo, pedindo sua absolvição. O caso vai a julgamento no Supremo Tribunal Federal em setembro.
Preso em 2024, Câmara foi solto e voltou a ser detido em junho, depois de tentar contato com o delator. O coronel negou em interrogatório o papel que Cid atribuiu a ele na trama golpista e o desafiou para o duelo de versões. A audiência no STF busca dirimir contradições daquilo que foi declarado pelos dois. Em interrogatório como réu, Câmara afirmou que não fez parte do plano narrado por Cid e que, em 2022, levantou dados oficiais da agenda pública do ministro Moraes, um dos monitorados, com outro objetivo.