Em meio às articulações entre Eduardo Bolsonaro e o governo Donald Trump por sanções e retaliações contra o Brasil e o STF, uma figura emergiu como aliada do bolsonarismo nos Estados Unidos: Michael Benz, um ex-funcionário do Departamento de Estado no primeiro governo Trump que se tornou influenciador da direita ultraconservadora.
Uma das principais teorias conspiratórias propaladas por Benz, e encampada integralmente pelo bolsonarismo, trata de uma suposta interferência americana, sob o ex-presidente Joe Biden, na eleição presidencial do Brasil em 2022. O movimento teria influenciado a derrota de Jair Bolsonaro para Lula.
Essa teoria foi repetida por Mike Benz, como é conhecido, em uma participação por videoconferência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. A reunião, no último dia 6 de agosto (foto abaixo), foi presidida pelo bolsonarista Filipe Barros, do PL do Paraná.
Benz reafirmou aos deputados que a interferência do governo Biden na eleição brasileira se deu por meio da Casa Branca e agências governamentais, entre as quais a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Agência Central de Inteligência (CIA) e o Pentágono, sede do Departamento de Defesa.
Ele acusa a USAID de ter abastecido ONGs e agências de checagem no Brasil com milhões de dólares para “instrumentalizá-las no controle da informação” durante o governo Bolsonaro.
Michael Benz construiu sua imagem entre o público da extrema direita como crítico da regulação de conteúdo nas plataformas digitais. Antes disso, atuou de forma anônima sob o pseudônimo “Frame Game” — um personagem que, entre 2017 e 2018, defendeu teorias conspiratórias racistas, criticou a diversidade e atacou a influência judaica na mídia, embora Benz seja judeu.
A identidade dele foi revelada após erros em transmissões que expuseram nome, imagem e dados pessoais. A formação em psicologia pela Universidade da Pennsylvania coincidia com informações de um perfil de LinkedIn de Michael Benz.
Após abandonar o pseudônimo, ele abriu a “Foundation for Freedom Online” (Fundação para a Liberdade Online), dedicada a denunciar o que chama de “complexo industrial da censura”. Seus textos e relatórios já foram citados em comissões do Congresso dos Estados Unidos e promovidos por Elon Musk.
Michael Benz também participou do Twitter Files, documentos usados para acusar empresas e governos de promover ações coordenadas com motivação política.
Em 30 de julho, quando o governo americano sancionou Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky, Benz comemorou no X. “Péssimo dia para ser um juiz corrupto no Brasil” e “ação massiva pela liberdade de expressão”, escreveu o influenciador diante das notícias sobre a sanção de Trump a Moraes. Ele compartilha com regularidade publicações que atacam Lula e o STF na esteira das articulações de Eduardo Bolsonaro em Washington.