A oficialização da federação entre União Brasil e PP, marcada para esta terça-feira, 19, transforma os dois partidos em um gigante eleitoral e financeiro.
Mais do que o dinheiro público que as duas legendas recebem por meio dos fundos partidário e eleitoral, ambas ganham poder político concentrado: a união permite controlar em parceria a montagem de candidaturas, influenciar a distribuição de recursos e negociar coalizões em todos os níveis — nacional, estadual e municipal.
Financeiramente, tanto o União quanto o PP continuarão recebendo os recursos dos dois fundos individualmente. Nesse sentido, nada muda – a não ser o fato de que as estratégias dos dois partidos passará a ser, ao menos teoricamente, alinhada entre as respectivas cúpulas. Do ponto de vista político, portanto, as cifras somadas podem fazer grande diferença.
Em 2024, o União Brasil teve direito a R$ 107,3 milhões do fundo partidário e o PP, a R$ 90,3 milhões. Do fundo eleitoral, R$ 536,5 milhões foram para o União e R$ 417,2 milhões para o PP. Considerando a soma dos valores, nenhum outro partido recebeu tanto. Os recursos são decisivos para custear propagandas e pagar fornecedores de serviços para campanhas, por exemplo.
Apesar de na prática o somatório ter potencial para se transformar em votos, do ponto de vista formal as duas legendas continuarão a ser tratadas individualmente pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e pelo Congresso Nacional para fins eleitorais e regimentais, incluindo tempo de TV e participação em comissões temáticas, por exemplo.
A federação concentra o poder político das lideranças sobre a estratégia eleitoral, mesmo que financeiramente cada partido continue recebendo seus próprios recursos. Nesse aspecto, a aliança aumenta o peso de União e PP na definição de candidaturas e na articulação de alianças, expandindo seu alcance político em todas as esferas.
Mais que poder financeiro
“A federação permite que as lideranças concentrem o poder sobre as nominatas (a relação de candidatos a cargos proporcionais) e a estratégia eleitoral, mesmo que cada partido continue recebendo seus próprios recursos”, observa a cientista política Mayra Goulart, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Para Mayra, essa concentração de poder reforça a influência de União e PP tanto na política nacional quanto na regional . “A federação aumenta o controle das lideranças sobre a montagem de candidaturas e sobre a negociação de coalizões, ampliando sua atuação em todos os níveis”, prossegue a professora.
Comandada por Antônio Rueda e pelo senador piauiense Ciro Nogueira (na foto em destaque), presidentes do União e do PP, a federação nasce com 107 deputados, 14 senadores e 5 governadores. Com esses números, passa a ter a maior bancada na Câmara e a empatar em número de senadores com o PL e o PSD, além de ter em suas fileiras o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).