Os partidos de esquerda mais alinhados ao governo Lula ficaram isolados nesta terça-feira, 19, na posição contrária à proposta que define as prerrogativas dos congressistas e que, entre outros pontos, acaba com o chamado foro privilegiado. Na reunião de líderes, PT, PSOL, PCdoB e PSB não concordaram em abrir a discussão desse assunto, exigência da bancada bolsonarista e um dos motivos alegados pelos deputados que se amotinaram na mesa diretora na volta dos trabalhos, no início deste mês.
Os líderes do Centrão (União Brasil, MDB, PSD, PP, PSDB, Republicanos) se mostraram simpáticos à proposta, junto com os demais partidos do campo da direita, incluindo PL, Novo e outras legendas menores. Apesar de a maioria das siglas ser a favor, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não incluiu o projeto na pauta desta semana. Ele preferiu priorizar o requerimento de urgência para a proposta de resolução que endurece a punição para parlamentares que realizem obstruções físicas no plenário, proposta feita como reação à ocupação das mesas, e o projeto que busca estabelecer medidas de proteção a crianças e adolescentes no ambiente digital, que ficou conhecido como projeto da adultização.
No início da noite desta terça-feira, 19, o plenário da Câmara aprovou essas duas urgências.
Na reunião, pela manhã, os líderes que se colocaram contra a proposta das prerrogativas argumentaram que não é oportuno o acirramento de uma disputa com o STF (Supremo Tribunal Federal) a menos de duas semanas do início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de outros réus do processo sobre a tentativa de golpe de Estado. Com o fim do foro, os aliados tentam criar condições para tirar do ministro Alexandre de Moraes e jogar para a primeira instância os processos contra os ex-presidente.
A proposta também apela ao espírito corporativo do Congresso, que reúne parlamentares governistas e da oposição. O texto estabelece que a Câmara ou o Senado precisam autorizar o início de investigações contra deputados e senadores. Daí o principal atrativo da proposta no Legislativo.