O Brasil continua monitorando as investidas dos Estados Unidos em relação à Venezuela e os movimentos relacionados aos vizinhos, como a Guiana, que tem com o país de Nicolás Maduro, uma disputa territorial antiga pela região de Essequibo. Nesta sexta-feira, 22, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, repostou um comunicado do governo da Guiana que reafirma disposição de colaborar com o combate ao crime em águas internacionais.
O enfrentamento à criminalidade é exatamente a motivação alegada pelos Estados Unidos para enviar ao Mar do Caribe três navios militares. O governo americano também oferece uma recompensa de US$ 50 milhões, cerca de R$ 273 milhões, por informações que levem à prisão de Maduro.
Em viagem a Bogotá, capital da Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os países ricos por usarem o combate ao crime organizado como “pretexto para violar soberania” de nações menos desenvolvidas. O brasileiro disse também que esses países se utilizam da luta contra o desmatamento como “justificativa para medidas protecionistas”. As declarações ocorreram durante um encontro da Cúpula dos Países Amazônicos com representantes da sociedade civil.
“Há muito tempo que os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem. Utilizam a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo. Usam o combate ao crime organizado como pretexto para violar nossa soberania”, disse o presidente.
Lula fez críticas diretas ao presidente dos EUA, Donald Trump. “Para ter governança mundial, você não pode acabar com o multilateralismo. Você não pode fazer o que o presidente americano está fazendo, tomando decisões sozinho, sem levar em conta que existe a Organização Mundial do Comércio, sem levar em conta a Organização das Nações Unidas, sem levar em conta nada. É nesse clima que a gente vai chegar na COP 30”, afirmou o petista.
Em Bogotá, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) se reuniu na quinta-feira, 21, com o chanceler venezuelano, Yván Gil. Um dos principais temas discutidos no encontro foi a segurança na região.
Desde quinta, a frota americana teria recuado, devido aos riscos meteorológicos provocados pelo furacão Erin, mas a ameaça de uma intervenção na Venezuela, com vistas à queda do presidente do país, Nicolás Maduro, persiste. De acordo com fontes do governo, o comunicado de Marco Rubio reforça essa condição de intimidação .