Faltando uma semana para o início do julgamento de Jair Bolsonaro e de aliados na trama golpista, a oposição iniciou uma nova tentativa de desmoralizar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do processo. O objetivo desse movimento é inflar a narrativa de que Moraes, ao divulgar as movimentações financeiras do ex-presidente, teria responsabilidade no assalto ocorrido na cada dos ex-sogros de Bolsonaro em Resende, na região serrana do Rio de Janeiro.
Os bolsonaristas prometem levar esse discurso para as sessões no Congresso nesta terça-feira, 26. Por casa da baderna provocada por aliados do ex-presidente no início do semestre, existe a preocupação da cúpula do Legislativo com possíveis conflitos entre governo e oposição. Esse é um dos assuntos que podem insuflar os ânimos no plenário.
A notícia do assalto foi lançada nas redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Na sequência, membros da família, deputados e senadores começaram a campanha para culpar o ministro. Flávio divulgou imagens da casa e afirmou que os criminosos buscavam o “dinheiro que o Bolsonaro mandava”.
Também filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) especulou nos Estados Unidos a existência de “ordens de Moraes” para que os assaltantes fossem ao local do crime. “Vocês que dizem que só estão seguindo ordens, vocês da Polícia Federal, vocês são os responsáveis por isso, por entrarem na onda desse maluco do Alexandre de Moraes”, disse o parlamentar.
Aliados de Bolsonaro embarcaram na ideia de que não foi “um assalto comum”. O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), incluiu a imprensa em suas reclamações. ” [O assalto] É a prova concreta de como o Estado brasileiro se tornou um delinquente sob o olhar cúmplice de parte da mídia, violando direitos fundamentais e colocando vidas de inocentes em risco”, disse Zucco, referindo-se às informações sobre a família Bolsonaro no inquérito da Polícia Federal que indiciou Eduardo e o ex-presidente.
O senador Rogério Marinho associou o assalto a um suposto clima de “caça às bruxas” no país. “O ambiente de perseguição política e os constantes vazamentos seletivos de investigações, conduzidos de maneira parcial pela Polícia Federal, criam um clima perigoso na sociedade”, apontou.
À Polícia Militar do Rio de Janeiro, Rogéria Bolsonaro – filha das vítimas, ex-mulher do ex-presidente e mãe de Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro – disse ter sido surpreendida por dois homens encapuzados. Ela e os pais, de 85 e 87 anos, foram levados para outros cômodos enquanto os assaltantes procuravam joias e dinheiro. Apesar das ameaças, ninguém saiu ferido.