Não foi no primeiro dia, mas não significa que não acontecerá. Congressistas da oposição negam a existência de um acordo para que o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seja convocado pela CPI Mista do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).

José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, é vice-presidente de uma das entidades investigadas pela Polícia Federal, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A estratégia dos senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF), ambos oposicionistas, é esperar os depoimentos dos responsáveis pela investigação para colher elementos que justifiquem a convocação.

A estratégia foi corroborada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que disse que colocará os requerimentos em votação na medida que os indícios forem aparecendo. Ou seja: o chamado para Frei Chico prestar depoimento não está descartado. Além de ouvir o irmão de Lula, a oposição também já protocolou requerimentos de quebra de sigilo bancário e telemático para ele e para o Sindnapi.

Nesta quinta-feira, 28, a CPI terá nova reunião para aprovar os procedimentos a serem adotados ao longo dos trabalhos. Serão votados mais 65 requerimentos. Apesar de ter feito ameaças ao trabalho de jornalistas na comissão no primeiro dia de votação de requerimentos, Viana não formalizou a ideia de cassar as credenciais dos profissionais que fotografarem e divulgarem as informações das telas de celulares ou de computadores dos integrantes da comissão ou conteúdos vazados por parlamentares.

Além disso, a comissão ouvirá a defensora pública Patrícia Bettin Chaves a partir das 9h. Ela atuava contra descontos irregulares nos benefícios previdenciários antes da Operação Sem Desconto da PF. Outra parte da reunião será secreta, com a audiência do delegado responsável pela operação, Bruno Oliveira Pereira Bergamaschi.

Primeiras convocações
No primeiro dia de trabalho da comissão, 34 requerimentos foram aprovados como parte do plano de trabalho do relator, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Entre os depoimentos aprovados estão convites e convocações de pessoas que estiveram à frente do INSS e do Ministério da Previdência desde 2015, entre eles os ex-ministros Carlos Eduardo Gabas (governo Dilma Rousseff), José Carlos Oliveira (governo Jair Bolsonaro) e Carlos Lupi (governo Lula). Eles serão convidados – ou seja, o comparecimento será facultativo em um primeiro momento.

Com presença obrigatória, a CPI convocou representantes do Dataprev, estatal que oferece serviços de tecnologia para o INSS. Também serão obrigados a comparecer os diretores de benefícios previdenciários do INSS e presidentes das associações que tiveram acordos de cooperação que permitiam os descontos automáticos nos benefícios dos aposentados.