A sustentação oral da defesa de Jair Bolsonaro no segundo dia de julgamento no STF não teve surpresas. Celso Vilardi e Paulo Bueno, os dois advogados do ex-presidente adotaram uma estratégia de desqualificar as acusações para buscar redução das penas no final do julgamento. Eles procuraram invalidar a “minuta do golpe” e negaram a existência de provas da tentativa de golpe de Estado.
A defesa atuou, também, para afastar Bolsonaro dos fatos mais contundentes das acusações. “O presidente não tem nada com o 8 de Janeiro”, afirmou Vilardi. Eles pediram a absolvição do ex-presidente e pontuaram indignação com o fim do processo em tempo recorde.
Vilardi afirmou nunca ter visto um processo encerrado de forma tão ágil – foram seis meses entre a abertura em março, com o recebimento da denúncia.
O criminalista desqualificou a delação de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordem do Planalto, um dos alvos principais das defesas, que questionam sua validade. No primeiro dia do julgamento, o advogado Demóstenes Torres, que representa o almirante Almir Garnier, chamou de “jaboticaba” a saída dada pela PGR (Procuradoria Geral da República) para o acordo – o órgão foi contra no início – de inclusão de dados na denúncia. O termo é usado para definir algo exclusivamente brasileiro, que não existe em outros países.
Vilardi citou o colega e deu novo rumo para a metáfora. “Não é uma jaboticaba. (…) É muito mais grave, porque a jaboticaba existe aqui no Brasil.” Segundo ele, a delação de Cid é “algo que não existe”. “Nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo.”
Assim como os advogados dos outros réus, a defesa do ex-presidente pediu a nulidade do processo por “falta de prova” e reclamou dos arquivos digitais com “mais de 70 terabytes”, um volume de informações difícil de ser analisado.