O governo sentiu a reação forte da oposição na semana em que o STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e os demais integrantes do núcleo crucial da trama golpista. Pressionado, o Planalto buscou aliados nos quais confia para tentar neutralizar os focos de problemas.

Nos últimos dias, o líder do governo na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), tornou pública a deterioração do ambiente político com os partidos. Mais que isso, ele passou a duvidar da hipótese de que o presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), resista à investida da oposição, em particular, do Centrão. As preocupações levaram o Planalto a procurar o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mesmo para as assuntos que ainda estão na Câmara, mas que podem ser seguradas no Senado.

Enquanto Motta não revela se pautará ou não a anistia, Alcolumbre emitiu o sinal de que está disposto a trabalhar um texto que exclua Bolsonaro e sua turma do alcance da medida, gesto que foi visto como importante pelo Planalto. Como o presidente da Câmara também não leva ao plenário a proposta que isenta do pagamento do Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil, o ministro Haddad (Fazenda) recorreu a Alcolumbre para pedir ajuda para acelerar a proposta, caso os deputados demorem a votá-la.

“A avaliação é de que a situação ficou séria mesmo e agora haverá o tempo para se colocar em contraposição a toda essa agenda imposta pela oposição”, apontou um interlocutor do Planalto, em conversa com o PlatôBR.

Membros do governo avaliam, em conversas reservadas, que o conjunto de ações dos adversários nesta semana se soma aos movimentos feitos desde a volta do recesso parlamentar. Em agosto, o governo perdeu o comando da CPI Mista do INSS, a oposição fez o motim nas mesas do Senado e da Câmara, a federação União Progressista anunciou a saída do governo e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) atuou em Brasília para viabilizar a votação do projeto de anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado.

Essas iniciativas, para o governo, fazem parte de uma ação contundente e orquestrada da oposição com o objetivo de se fortalecer para a disputa presidencial do ano que vem.