Na reunião virtual da Cúpula dos Brics, chamada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para esta segunda-feira, 8, prevaleceu a preocupação de não provocar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Sob o receio de uma nova onda de taxação, capaz de deteriorar ainda mais o ambiente comercial internacional, o encontro focou, de acordo com informe divulgado pelo Palácio do Planalto, em como ampliar os mecanismos de solidariedade, coordenação e comércio entre os países do grupo e no reforço do multilateralismo.

A cúpula virtual é mais um movimento do Brics para juntar países na defesa do comércio global, uma posição oposta à política implementada pelo presidente americano. O grupo este ano é presidido pelo Brasil. A intenção de Lula é liderar posicionamentos mais alinhados entre esses países para serem defendidos nos principais fóruns internacionais. Um desses fóruns é a 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que será realizada no final deste mês, em Nova York.

O documento da reunião não citou Trump nem os Estados Unidos. As referências ao governo americano foram indiretas. “Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, disse Lula, segundo a transcrição divulgada à imprensa pelo Palácio do Planalto. “Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos”, disse Lula. Na opinião do petista, cabe ao Brics mostrar que a cooperação supera “qualquer forma de rivalidade”.

Participaram da Cúpula Virtual os líderes de China, Xi Jinping, do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, da Indonésia, Prabowo Subiant, do Irã, Masoud Pezeshkian, da Rússia, Vladmir Putin, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum. O presidente da Índia, Narendra Modi, não participou. O país foi representado pelo chanceler Subrahmanyam Jaishankar e, a Etiópia, pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Demeke Mekonnen.

Entre os membros do Brics, o Brasil e a Índia são os mais afetados pelas tarifas. Ambos têm itens de sua pauta de exportações para os Estados Unidos sobretaxados em 50%.

Europa
Além dos Brics, Lula também tem intensificado diálogo com outros líderes internacionais no mesmo sentido. Foi nesse contexto que ele buscou a conversa na semana passada com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no qual reforçou sua vontade de que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia seja assinado até o final do ano.

“O presidente Lula e a presidenta Von der Leyen também reiteraram seu compromisso com o multilateralismo e com uma ordem internacional mais justa e pacífica”, informou a nota divulgada pelo Palácio do Planalto sobre o telefonema de 20 minutos.

Após o Brasil ter sido sobretaxado por Trump, Lula já realizou chamadas telefônicas com os líderes da Índia, Narendra Modi; da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, e do México, Claudia Sheimbaum.