A expectativa no governo Lula é que o projeto da reforma do Imposto de Renda seja votado na Câmara na próxima semana, indicam deputados da base do governo. Como mostrou a coluna, Gleisi Hoffmann tem articulado para que o projeto não perca fôlego na Casa.
Relatado por Arthur Lira, o texto ganhou status de joia da coroa do governo no Congresso. Não apenas porque amplia a faixa de isenção para R$ 5 mil e cria um imposto mínimo para rendas acima de R$ 50 mil, mas sobretudo porque vai incluir, de imediato, 10 milhões de brasileiros na lista dos isentos. Todos eles da classe média — justamente o estrato que mais se distanciou de Lula nos últimos anos e cuja reconquista virou prioridade para o Planalto.
No entorno de Lula, a avaliação é que, ao aliviar o bolso da classe média, o governo ganharia trunfo econômico e político capaz de reconquistar setores que migraram para a oposição desde 2018.
O obstáculo para o andamento da pauta, por enquanto, não está no Centrão, que deve embarcar no projeto, mas no núcleo bolsonarista, concentrado na pauta da anistia a Bolsonaro e aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. A direita tenta condicionar à anistia qualquer avanço na reforma.
Há também o risco de desidratação: setores da oposição e parte da própria base estudam destaques para alterar a compensação fiscal prevista, o que exigiria apenas maioria simples. No Planalto, a leitura é que, se isso ocorrer, a mensagem de fortalecimento da classe média pode se perder.