Os fortes sinais emitidos pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que pretende ser candidato à Presidência da República em 2026 acenderam uma disputa intensa pelas vagas na chapa de situação que concorrerá ao governo do estado.
Essa disputa é protagonizada por dois caciques políticos. De um lado está o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que sonha inclusive com a possibilidade de filiar Tarcísio ao partido. Do outro, Gilberto Kassab, presidente do PSD e atual secretário de Governo de São Paulo, que nutre há tempos o desejo de governar o estado.
Apesar de Tarcísio já ser visto como candidato até pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem orientado aliados a não poupar críticas ao governador, por enquanto não há definições sobre a chapa, mas hipóteses que se alternam de acordo com o cenário de momento.
Sob reserva, quem acompanha de perto (e de dentro) os movimentos considera que Tarcísio já é uma força política na direita nacional. “Ele acabou entrando como um ator importante na sucessão pelo fato de que Bolsonaro não pode falar. Existe um espaço vazio, e alguém tem que defender a direita”, avalia um interlocutor.
No PSD, partido de Kassab, as chances de Tarcísio se mudar para o PL para ser o candidato são vistas como bastante prováveis. Integrantes do partido entendem que, se Bolsonaro escalá-lo, ele aceitará e construirá seu caminho no PL. É a partir dessa premissa que está posto o “leilão” pelo governador. Com um detalhe: se a migração de fato ocorrer, Kassab, visto como um dos principais mentores de Tarcísio hoje, terá de dividir com Valdemar sua ascendência sobre o atual governador.
O jogo tem reflexos diretos na sucessão pelo governo paulista. Com Tarcísio candidato, são grandes as chances de ficar com o PSD a cabeça de chapa. Nesse caso, o próprio Kassab pode ser o candidato, embora hoje haja outros nomes sobre a mesa, como o do vice-governador Felício Ramuth, também filiado à legenda. Ramuth já avisou Tarcísio que se dispõe a concorrer, desde que seja escolhido por Tarcísio.
Na via oposta, o PL também sonha com o posto. Um nome do partido considerado como possível candidato ao governo é o do deputado André do Prado, atual presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). O parlamentar é tido como homem de confiança de Valdemar Costa Neto.
Corre por fora outro aliado de primeira hora do bolsonarismo, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Nesse caso, seria uma terceira via, próxima mas não subordinada diretamente nem a Kassab nem a Valdemar.
Aliados de Tarcísio dizem que Nunes é até um bom nome, mas terá dificuldade para conquistar votos de eleitores mais moderados porque, se sair mesmo candidato, será substituído na prefeitura por seu vice, o coronel Ricardo Mello Araújo, considerado um bolsonarista radical. Por essa tese, ao deixar o cargo atual para obedecer o prazo de desincompatibilização, Nunes deixaria a capital nas mãos de Mello e, com isso, desagradaria a maior parte do eleitorado de centro-direita.
Mello Araújo, porém, é apontado também como possível candidato ao Senado. Ele poderia substituir a candidatura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 de Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos sem previsão de retorno e cujo destino político agora é posto em dúvida em razão das investigações que o atingem no STF. A segunda vaga na chapa para o Senado deve ficar com o atual secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), que já está em campanha.
Em todos os cenários, tanto Valdemar Costa Neto quanto Gilberto Kassab serão peças cruciais no processo de definição das candidaturas. Ambos, porém, estão à espera de uma decisão de Bolsonaro sobre a chapa presidencial para, a partir daí, mover todas as demais peças.