Questionado sobre a provável reforma ministerial a ser anunciada pelo governo no próximo ano, o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), disse que, com a ida do presidente Lula a São Paulo para a cirurgia destinada a conter uma hemorragia intracraniana, as conversas em torno do tema haviam diminuído. Agora, com o retorno de Lula a Brasília, o assunto voltou a ganhar força.
O ministro da Defesa, José Múcio, disse a Lula que pretende deixar o ministério porque já considerou concluída a sua missão de melhorar o diálogo entre as Forças Armadas e o governo. Lula, porém, teria interesse em mantê-lo.
De qualquer forma, o nome do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), passou a ser citado para o Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), enquanto o vice-presidente e atual ocupante do cargo, Geraldo Alckmin, substituiria Múcio na Defesa.
Há uma dúvida se Alckmin aceitaria a mudança de bom grado por causa de queixas sobre a falta de verbas para as Forças Armadas, pelo fato de a equipe econômica desejar mexer na aposentadoria de militares e pela difícil convivência entre integrantes do governo e generais de alta patente que se alinharam ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Alckmin, no entanto, leal a Lula, poderia ajudar mais uma vez o presidente e, assim, também, garantir a sua permanência como candidato a vice, em 2026.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também é lembrado, apesar de não desejar ser ministro, segundo aliados. Ele tem sido apontado como um nome para a Saúde no lugar de Nísia Trindade, mas prefere indicar alguém de sua confiança a ir, ele próprio, para o cargo.
Um dos nomes mais lembrados entre petistas para compor o primeiro escalão de Lula é o da deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT. Apesar de ser crítica da política econômica do governo, Lula é muito grato pela atuação dela à frente do PT.
Gleisi é cotada para o Ministério de Desenvolvimento Social ou para a Secretaria-Geral da Presidência, com a provável saída de Márcio Macêdo, que já vem falando com colegas do Palácio do Planalto em tom de despedida e até reclamando de supostos inimigos, dizem petistas.
Outro nome dado como certo, há semanas, é o do marqueteiro Sidônio Palmeira, que antes da internação de Lula já vinha conversando com o presidente sobre a comunicação do governo. Ele é cotado para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), no lugar do atual ministro, Paulo Pimenta, que pode ir para a Secretaria-Geral da Presidência, caso Gleisi não vá.
A avaliação é de que Sidônio só não assumiu algum posto ainda por causa do acidente sofrido por Lula e a necessidade de internação do presidente. Há 15 dias, durante um seminário do PT, Lula reclamou publicamente da comunicação do governo.
Nesta sexta-feira, 20, o presidente teve reunião com seus ministros no Palácio da Alvorada. Era esperado que alguns dos citados como possíveis demitidos ou demissionários conversassem com ele sobre as mudanças que estão por vir. Integrantes do governo asseguraram, porém, que o tema não foi tratado.