O governo brasileiro vai usar o acordo assinado nessa terça-feira, 16, entre Mercosul e EFTA (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) como “selo de confiança” para destravar a negociação com a União Europeia.

O raciocínio do governo é que se o Mercosul conseguiu atender às exigências sanitárias e fitossanitárias dos países do EFTA — consideradas até mais rigorosas que as da UE —, não há motivo para resistências ao tratado comercial. O objetivo é usar o êxito como argumento direto contra a resistência de países como a França.

E o timing ajuda. No início do mês, a Comissão Europeia validou o texto final do acordo Mercosul–União Europeia. A redação já seguiu para análise dos Estados-membros e do Parlamento Europeu, com expectativa de assinatura em dezembro, em Brasília, durante a cúpula do Mercosul.

No Itamaraty e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a avaliação é que o acordo com o EFTA vai ajudar a convencer os europeus de que produtos agrícolas brasileiros já cumprem padrões de elite: rastreabilidade total, certificação veterinária e fitossanitária, controles contra febre aftosa e influenza aviária, limites rígidos para resíduos de pesticidas e até regras de bem-estar animal.

Até 2044, o tratado com o EFTA pode adicionar R$ 2,69 bilhões ao PIB e ampliar exportações em R$ 3,34 bilhões. Mas, no curto prazo, o maior ganho pode ser político, ajudando a destravar o acordo com o mercado europeu.