O diagnóstico de câncer de pele de Jair Bolsonaro repercutiu no Congresso nesta quarta-feira, 17. Depois de passar a noite internado, o ex-presidente recebeu alta e voltou para casa, onde cumpre prisão domiciliar desde agosto. Exames realizados no domingo confirmaram um “carcinoma de pele”, segundo boletim médico assinado por quatro profissionais do hospital DF Star, em Brasília.
Na oposição, aliados associaram o agravamento da saúde do ex-presidente às pressões judiciais e políticas. A deputada Caroline de Toni (PL-SC) disse ter “certeza” de que o quadro foi influenciado pelas “perseguições” que Bolsonaro sofre. “É muito triste ver o que estão fazendo com o presidente Bolsonaro, um homem já de quase 70 anos, um avô, pai de família, que nem mais presidente é, mas que eles não cansam enquanto não acabarem. Para mim, estão querendo matar o Bolsonaro”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) atribuiu o novo diagnóstico à rotina de condenações e restrições impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). “Ninguém é de ferro, todos nós somos seres humanos. Acredito que esse agravamento da saúde do presidente Bolsonaro se deve às perseguições do ministro Alexandre de Moraes”, disse.
Entre governistas, o tom foi diferente. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse reconhecer que Bolsonaro tem direito ao tratamento adequado, mas destacou o contraste com a postura dele na pandemia. “Politicamente, só escancara a incoerência e as posições históricas dele sobre esse assunto”, afirmou, lembrando que o ex-presidente minimizou a gravidade da Covid-19 e chegou a zombar de pacientes.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que deseja a recuperação do ex-presidente, mas ressaltou que a condição de saúde não deve se misturar ao processo político. “Eu desejo sempre melhora de saúde para todo mundo. O que não tem nada a ver com esse julgamento que a gente está vivendo no país. As pessoas têm que separar”, disse.
O boletim médico informa que Bolsonaro precisa de “acompanhamento clínico e reavaliação periódica” após a retirada de oito lesões na pele, das quais duas apresentaram células escamosas “in situ”. Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF por liderar a trama golpista, o ex-presidente deve discutir com a família e a defesa como conduzirá o tratamento no contexto da execução da pena.