Uma das poucas críticas feita ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, diz respeito à relação de proximidade que mantém com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ex-diretores da autoridade monetária, economistas e acadêmicos, ele deveria manter algum nível de distanciamento do petista para evitar qualquer insinuação a respeito de eventuais influências políticas sobre o seu trabalho.

De maneira sutil, ele aproveitou a participação em um evento na sede do BC, em Brasília, nesta quinta-feira, 18, que contou com a presença do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, para tratar desse tema. Galípolo sinalizou que não se preocupa com a repercussão de suas conversas com Lula ou com qualquer outra autoridade.

“No início da autonomia do Banco Central, ficou uma interpretação, dada por analistas que acompanham o Banco Central, sejam eles acadêmicos, sejam eles participantes do mercado e jornalistas, de que a autonomia do Banco Central representava, de alguma maneira, um insulamento do Banco Central”, afirmou Galípolo.

A sensação que se tinha, disse, era que se um diretor ou presidente do BC se encontrasse o ministro Barroso na rua, tinha que cruzar a calçada. Não podia andar junto, não podia ser visto almoçando com alguém do Executivo. 

“O sentido da autonomia é o oposto disso. Primeiro, a autonomia é um processo de proteção não para os diretores, e sim para o país, para que os diretores possam se sentir à vontade e protegidos para tomar as decisões que são melhores para o país, independente do cálculo político de como é que aquilo vai soar ou vai aparecer”, acrescentou.