Ex-presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG) participou da reunião que o relator do projeto de anistia, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), teve com o ex-presidente Michel Temer. No encontro, Aécio disse que insistir em uma anistia ampla para os condenados pela trama golpista significaria mergulhar o país em uma pauta que interessa tanto ao bolsonarismo quanto ao PT.

Para encaminhar o assunto, ele defendeu trocar o objetivo e o nome da proposta: trocar “projeto de anistia” por “projeto de dosimetria”. Em vez do perdão amplo e irrestrito, o Congresso reduziria as penas dos condenados pela tentativa de golpe.

Na visão do tucano, uma proposta de redução de penas tem mais chances de avançar no Congresso e menos risco de ser barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). “Se aprovar ou rejeitar a anistia, o Brasil mergulha nessa pauta este ano e no próximo. Isso interessa ao bolsonarismo, mas também ao petismo, que se alimentam desse confronto”, afirmou ao PlatôBR.

Aécio avalia que a mudança pode esvaziar os projetos mais radicais e permitir que o centro político se movimente. “Entre o que o bolsonarismo raiz gostaria e nada, eles vão votar no final, mesmo que façam discursos contrários. Mas com isso a gente traz o centro para votar um projeto sensato, equilibrado e que permita ao Brasil virar essa página”, disse.

O deputado destaca que a ideia já está em construção com outras lideranças. A reunião contou também com a participação virtual do presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB).

Segundo Aécio, a expectativa é que o projeto da dosimetria seja priorizado e levado a votação na próxima semana. Para ele, ao deslocar o debate para uma proposta de “meio-termo”, o Congresso dá um passo adiante e evita ficar refém do tudo ou nada de uma anistia total.