Um divórcio milionário está dando o que falar em Salvador. Trata-se da separação do empresário Lucas Queiroz Abud e de Fabiana Gordilho, envolvendo um patrimônio de, no mínimo, R$ 224 milhões, em valores de 2012. Entre as acusações, está a denúncia de violência doméstica da qual Fabiana teria sido vítima desde 2009. Um desses episódios teria ocorrido em julho de 2019, nos Estados Unidos, para onde a família viajava com frequência, e foi negado pelo empresário.
Fabiana e Lucas Abud se casaram em abril de 2006 sob comunhão parcial de bens. Em outubro de 2011, alteraram o regime para separação total de bens, mas Fabiana não recebeu a contrapartida patrimonial em meio a essa alteração. Em março de 2012, Abud vendeu empresas para a Estre Ambiental por R$ 224,2 milhões. E é sobre esse patrimônio que Fabiana Gordilho espera receber sua parte.
A defesa de Fabiana reivindica que ela tem direito a parte do crescimento patrimonial de duas empresas criadas antes do casamento, LMG Participações e Viva Ambiental, e pela constituição das empresas V2 Ambiental e Tahaa Transportes, todas vendidas para a Estre Ambiental.
A coluna localizou um processo na Justiça de São Paulo no qual consta a informação de que a venda da totalidade do capital social das sociedades Viva Ambiental S.A. e LMG Participações Ltda, donas de 100% da V2 Ambiental SPE S.A. e da Tahaa Transportes Ltda, foi fechada por R$ 224.280.234,95.
A princípio de forma consensual, a separação ocorreu em 2019, mas os advogados de Fabiana afirmam que ela assinou o divórcio sob coação, o que Abud nega. As acusações de violência doméstica levaram a uma investigação criminal contra o empresário, que processa a ex-mulher por calúnia. Uma dessas acusações, de uma agressão que teria ocorrido em julho de 2019 nos Estados Unidos, baseia uma representação dos advogados de Abud contra os de Fabiana.
Em uma representação junto à OAB, a defesa do empresário alega ter havido fraude processual. Uma das irregularidades seria a data em que Fabiana afirma ter sido agredida nos Estados Unidos. Os advogados de Abud dizem que ele não estava naquele país na época, mas a defesa de Fabiana explica no processo que houve uma desinformação causada pela forma de datação americana, com o mês à frente do dia. Na data denunciada, afirmam os advogados dela, Lucas Abud estaria nos EUA.
A representação na OAB mira três dos defensores de Fabiana: Eugenio Krushevskiy, Ana Patrícia Dantas Leão e Michelle Santos Alan, nomes de peso na advocacia baiana. Segundo a denúncia, os defensores tentaram “induzir o Poder Judiciário a erro e obter vantagens ilícitas”.
Em nota à coluna, Fabiana defendeu seus advogados: “Confio de olhos fechados nos meus advogados. Eles são sérios, éticos e estão comigo desde o início. Lamento as tentativas de desqualificar o trabalho deles e sigo acreditando na Justiça, que, tenho certeza, vai revelar a verdade.”
Já um dos advogados de Abud, Gabriel Turiano, escreveu à coluna repudiando as informações. “A defesa de Lucas Abud manifesta o seu repúdio pelo vazamento seletivo e distorcido de informações sob segredo de Justiça e não comentará fora dos autos, como jamais comentou, qualquer aspecto dos temas ali tratados em respeito ao Judiciário, aos menores e às pessoas envolvidas”.
Os advogados de Fabiana Gordilho também enviaram uma nota:
“Por se tratar de um processo que tramita em segredo de Justiça e, sobretudo, em respeito à própria cliente, a defesa não vai divulgar detalhes, evitando que ela continue sendo vítima, inclusive de exposição pública, em um momento já bastante difícil.
Os advogados reafirmam plena confiança na Justiça baiana e seguirão atuando com integridade, lutando pela verdade até o fim, sempre em defesa da dignidade da cliente e de seus filhos. As acusações de suposta fraude processual são totalmente infundadas e buscam tumultuar o processo, confundir os julgadores e expor uma mulher que é vítima nessa situação.
As provas apresentadas pela defesa são contundentes, mas, em razão do sigilo processual, não podem ser tornadas públicas. Nossa cliente já sofreu o bastante apenas por ser mulher. A campanha difamatória dirigida contra nós decorre unicamente do exercício da advocacia, que sempre realizamos de forma ética e responsável, em defesa dessa mulher.
Enquanto nossa cliente não se sentir preparada para tornar público tudo o que aconteceu, continuaremos a protegê-la, certos de que estamos ao lado da verdade”.