Depois de percorrer as lideranças de vários partidos nesta semana, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), relator da proposta que pretende reduzir as penas de condenados pela tentativa de golpe de Estado, pediu ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para adiar a votação do projeto, antes prevista para ocorrer na semana que vem.

Paulinho ponderou que, sem a costura de uma acordo com o Senado, não vale a pena a Câmara aprovar o texto. A preocupação do relator é que o projeto da anistia tenha o mesmo destino da “PEC da Blindagem“, arquivada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

O pedido de Paulinho ao presidente da Câmara foi feito nesta quinta-feira, 25, após as conversas com as bancadas. O principal motivo, de acordo com o relator, foi o não comprometimento do presidente do Senado com a proposta. O combinado era uma conversa entre o relator, Motta e Alcolumbre, após a festa de aniversário do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que está de saída do cargo.

Alcolumbre compareceu à festa e, em seguida, disse que não poderia ir ao encontro que ocorreria na casa do presidente da Câmara. Nesse momento, segundo o relator, ficou evidente que o presidente do Senado não se empenharia da aprovação da anistia, ou mesmo da dosimetria, que levaria a uma redução das penas dos condenados.

“Ele tinha dito que ia ao aniversário e depois nos encontraríamos. Hugo [Motta] também estava no aniversário do Barroso. Depois, ele [Alcolumbre] me ligou dizendo que não podia ir, porque tinha outros compromissos”, contou Paulinho, em conversa com o PlatôBR. Depois desse episódio, o relator não tem certeza se o encontro ainda poderá ocorrer. “Hugo disse que poderíamos marcar novamente, vamos ver se vai acontecer na próxima semana”, acrescentou.

Com esses contratempos, o relator disse a Motta que o projeto não deve ser pautado enquanto não houver acerto com Alcolumbre. “O acordo não está costurado e o pessoal (deputados) está meio meio bravo com isso”, disse o relator.

Por causa do arquivamento da “PEC da Blindagem”, parlamentares da oposição reclamavam de uma suposta “traição” de Alcolumbre com a Câmara. “Não tem sentimento de traição nenhum, até porque nós temos a condição de saber que não obrigatoriamente uma casa tem que concordar 100% com aquilo que a outra aprova”, disse Motta nesta quinta-feira. 

Próximas reuniões
Paulinho disse que a partir de terça, 30, pretende conversar com as bancadas do PSD e do PCdoB em busca de apoio. Ele também marcou se encontrar com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para pedir ajuda no sentido de convencer a bancada do partido na Câmara a apoiar o projeto. Os deputados do PL não aceitam nenhum texto que não passe por livrar completamente Jair Bolsonaro das acusações e repetem que o que querem é a anistia “ampla, geral e irrestrita, tanto para o ex-presidente, quanto para os demais condenados.

Nesta quinta, Paulinho conversou com Valdemar pelo telefone e que sentiu no presidente do PL “vontade de entender melhor a proposta”. Paulinho também disse ter tratado do assunto também com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. “Kassab não está radicalizado e me disse ter gostado da ideia. Vou conversar com a bancada dele na terça e ver o que dá para construir”, disse o relator.